segunda-feira, 4 de setembro de 2017

ESPORTE CLUBE OPERÁRIO ARARITAGUABA – 100 ANOS DE GLÓRIAS E TRADIÇÕES

ESPORTE CLUBE OPERÁRIO ARARITAGUABA – 100 ANOS DE GLÓRIAS E TRADIÇÕES






O Esporte Clube Operário Araritaguaba foi fundado no dia 08 de outubro de 1916, depois de várias reuniões envolvendo esportistas ligados, principalmente, à classe operária do Município de Porto Feliz.  A denominação do clube é um resgate do primitivo nome desta cidade, chamada pelos índios Tupis/Guaranis de Araritaguaba, aludindo o lugar onde as araras bicavam a areia.

É o segundo clube mais antigo desta cidade e, neste ano, insere o seu nome no seleto rol das agremiações esportivas centenárias do futebol brasileiro.  São 100 anos gloriosos de garra, luta e tradição. 

O clube que se tornaria ao longo de sua existência uma das agremiações mais queridas desta cidade, nasceu, certamente, na região alta de Porto Feliz, nas imediações do atual Bairro do Bambu, onde também surgiu seu primeiro campo de treinamento.

Entre os esportistas que fundaram o tradicional clube preto e branco de Porto Feliz, destacamos Telésforo Leroy, Ataliba Cardoso, Jorge Casseta, José Antonio, Pedro Rodrigues, Pedro Pinto de Azevedo e José Rodrigues de Campos.  Telésforo Leroy, patriarca de tradicional família Araritana, foi o primeiro presidente do Esporte Clube Operário Araritaguaba.

Desde as primeiras jornadas esportivas disputadas no primitivo estádio inaugurado em uma travessa da Avenida Getúlio Vargas, o Esporte Clube Operário Araritaguaba mostrou o espírito aguerrido de seus jogadores.  Nessas memoráveis pelejas a gloriosa jaqueta alvinegra foi defendida com galhardia por jogadores inesquecíveis como Fernando e Cesário Leroy, Minguito, José das Neves, Dodô, Tancho, Joel Brienza, Tavico e tantos outros.

Mais tarde surgiriam defendendo as cores alvinegras do Araritaguaba, com o mesmo amor e dedicação, jogadores também inesquecíveis como Hermínio Leroy, Calim Sanna, Dedé, Eugênio Tomé e Armando Sanna.

Ao longo de toda sua gloriosa história o Esporte Clube Operário Araritaguaba sempre foi pródigo em formar grandes jogadores, desde suas equipes menores, até o time principal.  Seu atual estádio que se ergue majestoso na Rua João Portela Sobrinho, à sombra dos tradicionais e belos bambuais, continua sendo palco de memoráveis jornadas esportivas e de brilhantes atuações do querido clube alvinegro de Porto Feliz.

Esportistas valorosos têm seus nomes ligados eternamente à história do clube.  Tentar nominá-los seria praticamente impossível, sem correr o sério risco de esquecer alguns.  Sendo assim e para homenagear, indistintamente, a todos que contribuíram e contribuem com o Esporte Clube Operário Araritaguaba, citamos os saudosos Orlando Silvestre - o Mestre Calango - e José Oswaldo Ramos, verdadeiros símbolos de amor e dedicação à causa Araritana. 

O Esporte Clube Operário Araritaguaba nasceu para sacramentar, nas cores preto e branco do seu vistoso uniforme, a igualdade de raças e de credos religiosos, bem como para congregar todas as classes sociais.  Nasceu o glorioso Esporte Clube Operário Araritaguaba para reunir sob sua honrosa bandeira todos os esportistas que saibam cultuar a isonomia social e a imprescindível lealdade nos campos esportivos.
Por tudo isso, vestir a gloriosa camisa do Esporte Clube Operário Araritaguaba, ainda que por uma só vez, é gravar na própria alma a marca indelével de um histórico e verdadeiro manto sagrado.  Uma vez Araritano, eternamente Araritano!


                          Reinaldo Crocco Júnior
Ainda não completou 100 anos, mas nasceu Araritano e Araritano será,      por todos os séculos dos séculos que virão.

Partidas das Monções



Partidas das Monções (*)

   O Tietê recorda necessariamente o bandeirante e as monções, evoca a louca aventura desses homens hercúleos e destemidos, metidos em grossos gibões de algodão acolchoado, chuço e trabuco em punho, que varam o continente; revive as frotas de canões que rodaram por saltos e tucunduras, transpondo lezirias e vargens onde grassavam as febres malignas e matagais intricados de cipós em que se atocaiavam pintadas e suçuranas.
   A partida das monções! Na secura das crônicas do tempo, toscas memórias de viagem para uso da governança portuguesa, em que as maiores tragédias se anunciam estoica e rudemente, em fria prosa tabelioa, nesses roteiros e diários há sempre algumas páginas ungidas de emoção para descrever a largada trágica das frotas para a atemorizante aventura.


1) Conde de Azambuja

   É o conde de Azambuja, a registrar em grosso papel apergaminhado, sob a tolda protetora da capitânea as primeiras impressões da viagem "Embarquei a 5 de agosto, havendo antes disso ouvido missa na freguesia e toda a comitiva acabada ela, salvou a companhia de dragões com três descargas a Nossa Senhora da Penha invocação da dita igreja. Na primeira canoa me embarquei e só na segunda os dois missionários na terceira os oficiais da sala com o secretário, na quarta o capitão com metade da companhia. Entre esta e a do tenente que marchava na retaguarda com a outra metade, iam no de carga que eram dezesseis, pertences a El-rei e quatro a mim. Ao desamarrar salvaram outra vez os dragões a Nossa Senhora com três descargas, e marcharam as canoas na ordem que tenho dito, levando todas as bandeiras á popa com as armas reais. A que ia na canoa da missão, as levava só de uma parte, e da outra o padre Anchieta."


2) Teotônio José Juzarte

   Dezoito anos depois, muito mais expressivamente, Teotônio José Juzarte, largando para o Iguatemi, assim descrevia a partida: " Juntos os povoadores, preparadas as embarcações, e carregadas com tudo o necessário a embarcar a gente tanto da marcação como os passageiros; e as embarcações se põem todas em fileiras presas ao porto da dita Araritaguaba. Estando tudo em ordem e prontos para largar, e seguir sua viagem; a este tempo todas as pessoas estão confessadas e sacramentadas, porque daqui para baixo não há mais igrejas, nem sacramentos. Estando tudo na forma dada se da aviso ao pároco para vir benzer esta expedição; o qual tomando a sua estola, a sobrepeliz com seu sacristão se põem sobre o barranco do rio e ajoelhado todos entoam a ladainha de Nossa Senhora. A este tempo estão os homens da marcação cada um com um remo que lhe toca na mão e cada um no seu lugar e os remos alvorados com as pás para o ar. Acabada a ladainha benze o pároco a todas as canoas, e comitiva, e depois implorando a Divina Clêmencia larga a capitánea dando muitas salvas de espingarda, e levando a sua bandeira larga; depois da distancia dita de mais de 50 braças larga a segunda na mesma forma, e assim se seguem as outras, que a pouca distância se acham em um sertão aonde não há mais que a Divina Providência e logo se encontra um grande perigo além dos mais que se seguem que são inumeráveis..."

3) Hércule Florence

   Hércule Florence em 1826 também registrou a cena
"... dirigindo- nos para o porto, onde achamos o vigário paramentado com suas vestes sacerdotais, a fim de abençoar a viagem como é costume e rodeado de grande número de pessoas que viera assistir ao nosso embarque. Os parentes e amigos se abraçavam, despediam-se uns dos outros... Romperam então da cidade salvas de mosquetaria correspondidas pelos nossos remadores e , não ao som desse alegre estampido, deixamos as praias..."


4)  Governador Rodrigo César de Menezes

   Os historiadores procuraram de sua vez reconstruir o quadro magnifico, inspirando-se nas crônicas do tempo, é Washington Luis dando-nos uma impressão do que teria sido a largada bulhenta e colorida das 308 canoas da frota comandada pelo Capitão-general Rodrigo César de Menezes.
   "Ao amanhecer do dia 16 de julho de 1.726, foi ouvida a missa na capela de Araritaguaba, insuficiente para conter todos os aventureiros, Depois no pátio, a multidão, imensa e contraida em religioso recolhimento, recebia de um sacerdote a benção da viagem. Estava prestes a partida. O guia era mestre os pilotos práticos os remadores e proeiros vigorosos.Na sua canoa protegida por um toldo, e em cuja popa tremulava levemente a bandeira portuguesa, já Rodrigo César estava acomodado. Salvas de mosquetes, aclamações da multidão enchiam os ares.
   Desamarra - gritaram e num impulso vigoroso de remos, ajudado pela correnteza do rio, a monção deslizou pelas águas do Tiete."
 

5 – Taunay

Taunay na "História Geral das Bandeiras Paulistas" assim descreve a largada dos canoões no porto de Araritaguaba junto ao paredão de grés.
   "Já então estavam todos a bordo, confessados e sacramentados, porque dai para baixo não existem mais igrejas nem sacramentos. A barranca do rio surgiu o pároco da freguesia de Nossa Senhora Mãe dos Homens, de estola e  sobrepeliz  acompanhado  do sacristão. Ajoelhavam–se todos e irrompia a ladainha de Nossa Senhora, um pouco mais curta que a de hoje, sem os acréscimos modernos da invocação á Rainha livre  da originais  a rainha da paz. Os homens da mareação, cada qual no seu posto, empunhavam os remos, voltando-lhes as pás para o ar. A fórmula, temo-la conservada pelo Pe. Angelo de Siqueira, em sua precisa “Botica da Lapa”  “Propritiare, domine, suplicationious nostris et benedic navem istam dextra tua sancta et omnes, qui in e a vehentum fiant dionatus es benedicere arcam Noe ambullantem in dilunio. Porrige eis domine, dexteram tuam sicut porrexisti beato petro ambulanti supra mare. Qui vivis et regnas in soecula soecutorum.”  Ai aspergia o sacerdote a canoa com água benta. Acabada a ladainha, benzia o pároco as canoas, suas equipagens e passageiros. E, depois implorando a Divina Clemencia, largava a capitanea. Ao se desfraldar a bandeira real, davam-se muitas salvas de espingardas”...
  

(*)  Historia do rio Tietê, de Mello Nóbrega

A história de Porto Feliz, um capitulo importante da história brasileira



A história de Porto Feliz, um capitulo importante da história brasileira (*)

Nossa cidade escreveu um dos capítulos mais fascinantes e importantes da História do Brasil  no século 18. Nosso porto de Araritaguaba, deixou na história brasileira um verdadeiro marco que ficou conhecido com o nome de Monções.
Monções, palavra de origem árabe, eram ventos alternados, que propiciavam a navegação à Índia e, na época colonial do Brasil, passou a referir-se às expedições fluviais do século 18, comerciais e povoadoras, que partiam do nosso porto de Araritaguaba. “O termo designava a navegação fluvial para o oeste, realizada pelos paulistas durante o século XVIII. Essa jornada empregava remos: necessitava de força física e não eólica. No entanto, Sérgio Buarque de Holanda destacou a existência de traços semelhantes entre as viagens oceânicas portuguesas a as fluviais dos paulistas: regularidade, periodicidade e duração. Todos os anos, nos meses de março a abril, as viagens para o Oriente coincidiam com as jornadas paulistas para Cuiabá, aproveitando as cheias dos rios e a facilidade de navegação. O trajeto entre Porto Feliz a Cuiabá consumia cerca de cinco meses, mesmo tempo da rota entre Portugal à Índia.  As monções ocupam importante capítulo da história colonial, marcando a ampliação das fronteiras e a colonização do interior, constituindo um prolongamento das bandeiras paulistas. As primeiras monções para Cuiabá empregavam o mesmo contingente humano das bandeiras do século XVII, mas se iniciaram quando o bandeirantismo entrava em declínio. Sérgio Buarque destacou que as longas jornadas fluviais modificaram algumas características das bandeiras, diversificando os meios de locomoção a exigindo nova postura dos componentes. Se para os bandeirantes os rios eram obstáculos à marcha, nas monções eram a principal artéria de deslocamento, razão pela qual as técnicas fluviais alcançaram grande desenvolvimento entre os paulistas. Para tornar a jornada menos perigosa, formaram-se comboios que substituíram as unidades isoladas. Nos primeiros anos, muitos morreram nas monções por ataques indígenas, naufrágios e fome. Para que os navegantes, suprimentos e mercadorias fossem protegidos contra as intempéries do clima, as embarcações ganharam toldos de lona, brim ou baeta, sustentados por armação de madeira, e tornou-se recorrente o use de mosquiteiros. As técnicas de navegação se basearam nas tradições indígenas, mas eram empregadas toras maciças na construção de canoas, em vez de cascas de árvores, para torná-las mais resistentes e duradouras. Possuíam cerca de 13 metros de comprimento, contando com seis remeiros, piloto e proeiro, sendo as cargas dispostas no centro da embarcação. Com a descoberta de veios auríferos, intensificou-se o comércio na região. As frotas, então, reuniam por vezes 300 ou 400 canoas, que transportavam desde sal até artigos de luxo, como sedas, de modo que as monções se tornaram essenciais para o abastecimento das minas nos primeiros tempos, rivalizando em importância com o abastecimento terrestre à base de tropas de mulas e contribuindo para a formação de circuitos internos na economia colonial”, escreve Ronaldo Vainfas no Dicionário do Brasil Colonial.
Cesário Mota Júnior, portofelicense foi o primeiro a escrever a história do Rio Tietê e das Monções,   publicando uma série  de artigos no jornal de Piracicaba – A Gazeta . Posteriormente , esses artigos foram reunidos no livro ‘‘Porto Feliz e as Monções para Cuiabá”.  Já no cargo de  Secretário de Estado dos Negócios do Interior, Cesário Mota sugeriu ao pintor Almeida Júnior a pintura de um quadro sobre as Monções. Daí, nascendo o famoso quadro “Partida da Monção”.
Muitos livros foram escritos sobre a navegação monçoeira pelo rio Tiête, os dois livros mais conhecidos são: Relatos Monçõeiros, organizado por Taunay e  “Monções”, escrito pelo famoso historiador Sérgio Buarque de Hollanda.
Porto Feliz faz parte importante da história de nosso país. Somos a “ Terra das Monções “ e uma das “Fonte Histórica” desta grande nação...
Isso devemos preservar.

(*) Jonas Soares de Souza – Tribuna das Monções – outubro 2000

A Imprensa em Porto Feliz – Os primeiros jornais



A Imprensa em Porto Feliz – Os primeiros jornais (*)



   Cabe a Paschoalino Verdi a gloria da fundação do primeiro jornal em Porto Feliz.
   Lutando com serias difficuldades, enfrentando sobranceiro a persitente guerra que lhe era movida por parte do municipio tributario, conseguiu elle levar a realidade o seu planejado ideal; e a 18 de Outubro de 1.906, era lançado aos quatro ventos da publicidade o Araritaguaba, orgam de interesse popular, com um programa excellente, bastante promissor, e redigido proficientemente pela penna adamantina do saudoso Josino de Moura, que foi, incontestavelmente, a gloria do jornalismo porto-felicense.
   Esse jornal, no seu primeiro anno de existencia adquiriu geral sympathia, ja pela sua orientação adeantada, já pelo seu brilhante sequito de collaboradores, como: João Vieira de Almeida, Othoniel Motta, Josino da Motta, Fernando Motta, Joaquim de Paula, etc.
   Mais tarde passou a sua redação aos srs. dr Aquilino do Amaral Filho e Pedro Motta, que imprimiram no Araritaguaba, um caracter eminentemente político que bastante contribuiu para a sua completa decadencia e finalmente no seu periodo de agonia, teve como redactor o rabiscador destas chronicas.
   Em Agosto de 1.907 veio a luz o jornal mignon, O Foguete do qual era redactor o sr dr Aquilino do Amaral.
   Folha critica e de feição genuinamente política, teve curta duração.
   Em Fevereiro de 1.908, começou a ser estampado o Porto Feliz sob a orientação do sr Djalma de Arruda, e orgam da política situacionista;e nessa mesma epocha, apparecia outro paladino, A Reação orgam como aquele de caracter político, de opposição ao partido ainda hoje dominante.
   Durante longo tempo, estes dois periodicos trocaram armas na liça da discussão; e em novembro daquele anno, finalmente, o Porto Feliz cedeu terreno ao adversário desapparecendo nas trevas do esquecimento.
   Outros jornaes tambem foram publicados nesta cidade, porem tiveram pouca vida como:
   O Demente, A Mosca, O Brejeiro, A Perola, A Folha, etc.

(*) Almanach de Porto Feliz – 1909 - Paschoalino Verdi e B. Ferraz Gomide

A primeira Loja Maçônica do Estado de São Paulo



A primeira Loja Maçônica do Estado de São Paulo(*)

A primeira Loja Maçônica do Estado de São Paulo foi fundada em Porto Feliz, a 19 de agosto de 1.831, quando o país vivia um clima de transição política gerado pela abdicação do Imperador Pedro I, ocorrida a 7 de abril do mesmo ano. A história registra que depois da abdicação de D. Pedro I a maçonaria brasileira intensificou sua luta,  e organizou-se da melhor forma possível, tendo instalado no Rio de Janeiro o Grande Oriente Nacional Brasileiro, que elegeu como Grão Mestre o Patriarca da Independência, José Bonifácio de Andrada e Silva.
Naquela ocasião o Grande Oriente Nacional Brasileiro enviou emissários para as Províncias,  com poderes de instalar Lojas Maçônicas e, nessa oportunidade vieram a Porto Feliz os plenipotenciários João Batista Lobo de Oliveira, que era Oficial do Exército, e Luiz Luciano Pinto, que era negociante.    Chegando à velha Araritaguaba  aqueles emissários maçônicos iniciaram nos augustos mistérios o Comerciante João Gaudie Lei, para que pudessem compor o quadro inicial da Loja, cujos trabalhos seriam desenvolvidos no rito oficial do Grande Oriente Brasileiro.
O ilustre historiador maçônico Kurt Prober nos conta que no exercício de 1.832, da era vulgar, o quadro de obreiros da primeira Loja Maçônica do Estado de São Paulo, fundada em Porto Feliz no dia 19 de agosto de 1.831, era o seguinte:
João Batista Lobo de Oliveira - “Trajano”
Luiz Luciano Pinto - “Bruce”
João Gaudie Lei - “Voltaire”
José Gomes da Silva - “Catão D’Utica”
José Rodrigues Leite - “Jeferson”
José Pinto Miguez - “Pelópidas”
Joaquim Correa Leite - “Franklin”
Manoel Foz Teixeira - “Rousseau”
Mathias Teixeira D’Almeida - “Aristides”
Manoel Inácio de Faria - “Epaminondas”
Luiz Antonio da Fonseca - “Pinho”
José Maria de Nolasco - “Sólon”
José Custódio de Almeida - “Cincinato”
Antonio Vaz de Almeida - “Tito”
Francisco Antonio de Moraes - “Platão”
José de Tolledo Piza - “Warington”
José Maria de Souza - “Ganganelli”
Manoel Alves de Almeida - “Sertório”
Manoel José Mesquita - “Cézar”
Tristão de Abreu Rangel - “Eneas”
José Manoel de Foz - “?”
?????????????????? - “Sipião”
De acordo com os estudos realizados pelo historiador Brasil Bandecchi, doutor em história pela Universidade de São Paulo, o Padre Diogo Antonio Feijó (Regente Feijó), foi iniciado na maçonaria, pela Loja Inteligência de Porto Feliz, no ano de 1.831, quando deixou o Ministério da Justiça e veio para a Província de São Paulo, onde permaneceu até maio de 1.833.
Como a primeira Loja Maçônica do Estado de São Paulo, a Inteligência de Araritaguaba prestou relevantes serviços à maçonaria brasileira.

(*) Texto elaborado pelo advogado Dr. Reinaldo Crocco Júnior

Santa Casa de Misericórdia – A Ata de instalação



Santa Casa de Misericórdia – A Ata de instalação (*)


   Aos doze dias do mes de Julho do anno de 1.908, ás onze horas da manhã, na sala das sessões da Santa Casa de Misericordia de Porto Feliz, presentes o sr, José Esmedio de Paes Almeida, vice-provedor em exercício do provedor e mais  os sócios dr Draco de Alburqueque, dr. Christovão da Gama, José Teixeira da Fonseca, Djalma Honorato de Arruda, Djalma Pires, professor Roque Plínio de Carvalho, Tristão Pires de Almeida, Padre José L. Rodrigues, Francisco Mauricio de Oliveira, José Ottoni de Sampaio, Pedro Motta, Eugenio Motta, José Mauricio de Oliveira, Aquilles Jorge de Oliveira, Antonio Pimenta Junior, Mathias Fernandes de Camargo, Luiz de Carvalho Filho, Euchario Mauricio de Oliveira, secretario da associação, pelo mesmo provedor em exercicio foi dito que tendo sido concluidos os trabalhos de adptação do predio e se achado o mesmo provido de tudo necessario para o funcionamento da Santa Casa, bem como satisfeitas as naturaes exigencias para esse fim declarava installada a Santa Casa de Misericordia de Porto Feliz cuja direcção clínica ficava a cargo do dr Christovão da Gama que, que sócio fundador, gratuitamente tomará a esse cargo,  sendo que o serviço fharmaceutico  ficaria a cargo do fharmaceutico Adolpho Brand, estabelecido nesta cidade, havendo ainda imcumbidos do serviço das enfermarias dois enfermeiros  adrede contractados. Disse mais o provedor em exercicio que, de accordo com o estabelecido nos estatutos devia ser eleita nova directoria para a Santa Casa de Misericordia, sendo então eleitos para provedor, José Esmedio Paes de Almeida, vice provedor, Padre José L. Rodrigues, para mordomos José Teixeira da Fonseca, José Antonio Vieira, Mathias Fernandes de Camargo, Francisco Mauricio, Tristão Pires, Pedro Motta, Pimenta Junior, Djalma Pires, Luiz de Carvalho Filho, Levindo Pires, Djalma Arruda, para thesoureiro Joaquim Agostinho Torres e para secretario Euchario Mauricio de Oliveira, sendo os dois últimos reeleitos. Pelo socio Dr Draco de Albuquerque foi proposto e aprovado que se lançasse nesta acta um voto de louvor ao sr José Esmedio Paes de Almeida pelo modo dedicado com que desempenhou as funções do que foi imcumbido desde a iniciação dos trabalhos para a fundação da Santa Casa até a sua installação. Pelo sr José Esmedio Paes de Almeida foi dito que agradecia este voto de louvor, e propunha identica manifestação ao dr Draco de Albuquerque, que foi um seguro auxiliar seu no desempenho dessa missão, dedicando-se igualmente a mesma cauza, sendo tudo approvado. E como mais nada houvesse a tratar foi encerrada a sessão da qual eu, Euchario Mauricio de Oliveira, secretario lavro esta acta que vai por todos assignada.

(*) Almanach de Porto Feliz – 1909 - Paschoalino Verdi e B. Ferraz Gomide

Armazém Real de Araritaguaba



Armazém Real de Araritaguaba - Outra repartição ligada ao "ciclo das monções" (navegação fluvial de São Paulo para Mato Grosso). Araritaguaba era um porto no alto Tietê, de onde partiam, em grandes canoas, as expedições paulistas para Cuiabá, levando mineradores, soldados e comerciantes. Entre 1767 e 1777, pelo menos, o governo colonial ali manteve um Armazém Real para abastecer a isolada colônia militar de Iguatemi, na divisa com o Paraguai. A tomada de Iguatemi pelos espanhóis fez cessar a razão da existência dessa repartição em Araritaguaba. Araritaguaba hoje é a moderna cidade paulista de Porto Feliz. O Armazém Real provavelmente estava sediado no prédio ainda agora denominado "Casa da Alfândega", mas que é usado parte como bar e parte como moradia. (FONTES: RIHGB/AHU/SP, 11:23 e 26 - Guia dos Bens Tombados - São Paulo, 27).

O “quadrilátero do açúcar”



O  “quadrilátero do açúcar”

Entre 1780 e 1850 a região de Porto Feliz e Itu foi um das maiores produtoras de açúcar em São Paulo. Nessa época,  os canaviais cobriram vastas extensões de terras e o número de engenhos quase chegou à cifra de duas centenas. Do período restou um conjunto de testemunhos arquitetônicos, além de um acervo de objetos, documentos textuais e iconográficos
O naturalista alemão Gustavo Beyer, que visitou a região no verão de 1813, ficou impressionado com a presença marcante da cana de açúcar na paisagem e no cotidiano da população. Essas impressões ficaram registradas em seu diário de viagem: “Antes de chegar à cidade de Itu, o terreno é todo cultivado e todos os campos são ornados com plantações de cana e ao pé de cada rio encontram-se engenhos e alambiques, que são movidos por água”. E não foi somente a extensão dos canaviais e o número de engenhos que despertou a atenção de Beyer, mas também o costume muito comum dos habitantes de comer melado e mascar gomos de cana-de-açúcar: “Viajando pelos arredores de Itu, é impossível não notar que toda gente de classe baixa tinha os dentes incisivos perdidos pelo uso constante da cana de açúcar, que sem cessar chupam e conservam na boca em pedaços de algumas polegadas. Quer em casa quer fora dela, não a largam e é possível que esta também seja a causa de haver aqui mais gente gorda do que em outros lugares. A classe superior gosta igualmente de doce, pelo que recebeu o alcunha de mel do tanque, isto é, o melhor melado produzido na fabricação do açúcar. Os próprios bois e os burros também participam da mesma inclinação e encontram-se eles, tal qual seus condutores, mastigando cana”.
A indústria do açúcar no Brasil, que estava um tanto estagnada,  se beneficiou nesse período de uma situação conjuntural. A ocorrência da  desarticulação da produção açucareira nas Antilhas provocou  alta de preços e  ampliação nos mercados mundiais do produto, dando assim oportunidade ao açúcar  da colônia portuguesa. Ao conseqüente renascimento dos engenhos correspondeu também o soerguimento da economia paulista.
Na área central da Capitania de São Paulo, no chamado “quadrilátero do açúcar”, uma área formada por Mogi Guaçú, Jundiaí,  Porto Feliz e Piracicaba, concentrou-se então a maior parte da cultura e da indústria açucareira. Entusiasmados com a expansão da demanda e com a alta de preços os fazendeiros da região investiram capitais na ampliação das lavouras e fábricas de açúcar, e muitos chegaram mesmo a se afundar em dívidas para levantar novos engenhos. E os preços continuaram ajudando, pois  se elevaram progressivamente até 1799.
Entretanto, na virada do século 18 para o 19 os preços do açúcar começaram a declinar. A flutuação dos preços e a retração do mercado assustaram os fazendeiros da região.  A  “falta de comércio” e a conseqüente baixa de preços  forçaram os vereadores da Câmara da vila de Porto Feliz, que julgavam-se “obrigados a salvar a Pátria da ruína que a ameaça”, a apelar ao Príncipe Regente D. João.  Através de ofício datado de 27 de junho de 1801 suplicaram “humildemente se digne [o Príncipe Regente] conceder aos fabricantes de açúcar e lavradores de cana  e aos seus partidistas desta capitania o privilégio de não serem executados nos pertences de suas fábricas e escravos, devendo os credores ser pagos pelos  rendimentos delas, os quais devem somente ficar obrigados à importância das dívidas, para a segurança”.
 A conjuntura internacional mais uma vez veio em socorro dos fazendeiros  de Itu. A série de guerras napoleônicas na Europa provocou a retomada da cotação elevada do açúcar. Os preços declinaram um pouco somente a partir de 1830, mas mantiveram-se durante o século 19 em nível comparado ao do século anterior. Entretanto, a partir de 1850 o café tornava-se pouco a pouco no principal produto brasileiro de exportação, deslocando o açúcar para uma segunda posição. Campinas, por exemplo, que antes fora grande produtora  e que em 1839 tivera  93 engenhos e uma produção de 158.477 arrobas, já em 1854 contava com apenas 44 engenhos e uma produção de 62.290 arrobas de açúcar. Enquanto isso, cresciam suas fazendas de café. Nesse  mesmo ano já eram 177 fazendas produzindo 335.550 arrobas de café.
Em Itu, porém, o café não chegou a ultrapassar o açúcar nesse período: eram 60 fazendas produzindo  16.702 arrobas de café, contra 164 engenhos produzindo 159.070 arrobas de açúcar. Como bem demostrou a historiadora Maria Thereza Schorer Petrone, em Itu estava concentrada as maior parte da indústria açucareira de São Paulo, pois toda a Província tinha 667 fazendas de açúcar e uma produção total de 866.140 arrobas de açúcar.
J.J. von Tschuddi, nomeado embaixador no Brasil pelo Governo da Confederação Helvética, visitou  Itu na década de 1860 e deixou a seguinte observação no seu livro de viagens -  “no distrito da cidade cultiva-se  em várias fazendas a cana de açúcar, sendo algumas destas fazendas otimamente instaladas, nada ficando a dever aos melhores engenhos de Pernambuco”.
Por outro lado, os fazendeiros ituanos disseminavam a cultura da cana nas terras dos municípios ao seu redor.  A lavoura de cana de Porto Feliz dever ser considerada uma expansão da ituana -  “Gente de Itu, à procura de novas terras, levaram o interesse pela lavoura canavieira à antiga Araritaguaba induzindo, inclusive, os primitivos moradores a plantar cana”. Ao encerrar o período colonial, a antiga freguesia de Araritaguaba, juntamente com Itu e Campinas, controlava a produção de açúcar da Capitania.
Os ituanos foram também  responsáveis pela expansão dos canaviais até Piracicaba. Em 1790 o governador da Capitania de São Paulo, Bernardo José de Lorena, solicitou ao capitão-mor de Itu providencias necessárias para o povoamento das terras da então freguesia de Piracicaba. Tomadas as providências, em pouco tempo a cultura da cana se desenvolveu e oito anos depois havia um conjunto de três engenhos produzindo 700 arrobas de açúcar.
De certa forma,  a cultura da cana em Porto Feliz e Piracicaba  era resultado da falta de terras em Itu.  Já em 1784 o capitão-mor de Itu dizia – “não se acham muitos terrenos, onde possam estabelecer-se” para erigir novos engenhos. Em todo o caso, durante um bom tempo desse novo “ciclo do açúcar” as terras da  antiga povoação de Nossa Senhora da Candelária formavam a maior área produtora da Capitania e depois Província de São Paulo.
Enriquecidos, alguns  senhores-de-engenho mandavam construir sólidos e imponentes sobradões na cidade. Mas eram sobradões  que ficavam desocupados e fechados durante a maior parte do ano. O costume  era tão freqüente que chamou a atenção do naturalista Auguste Saint–Hilaire. Ele anotou em seu livro Viagem à Província de São Paulo que os proprietários só iam à cidade aos domingos, afim  de  ouvir missa, “não se podendo mesmo em rigor computá-los como elementos constituintes da população”. Os senhores-de-engenho ituanos permaneciam isolados em suas terras levando uma vida modesta, sem grandes atividades sociais e culturais. “De maneira geral, pode-se afirmar que não houve em São Paulo, pelo menos durante o período colonial, uma sociedade do açúcar como haveria mais tarde a sociedade do café, com suas ricas casas na cidade, temporadas na Corte...”


Engenhos e sedes de fazendas

Dos engenhos do período restaram poucas evidências. Uma idéia de como eram as fábricas de açúcar da região nos fins do século 18 e primeiras décadas do 19 pode ser inferida a partir das construções, apesar de posteriores, existentes na fazenda Vassoural  (Engenho Vassoural) em Itu.
Em Porto Feliz,  das sedes de fazendas destacam-se a da Fazenda do Moinho e o Engenho D’água. A sede da Fazenda Engenho D’água foi construída em 1858, quando era seu proprietário Antônio Paula Leite de Barros. A denominação da fazenda se deve à existência, naquela altura, de um pequeno engenho tocado à água.  O proprietário era um grande plantador de cana-de-açúcar e   foi um dos acionistas da Companhia Açucareira de Porto Feliz, empresa que em 1878 colocou em funcionamento o Engenho Central de Porto Feliz.
O casarão de grandes dimensões  apresenta uma pavimento inferior, que acompanha toda a extensão da construção. Esse pavimento inferior, com piso de terra batida,  era usado como depósito de mantimentos, ferramentas, utensílios  agrícolas, e arreios.
A parte superior, com assoalho de madeira,  era o espaço da moradia isolada. Uma grande sala central de entrada, a chamada “sala da frente”,  própria das casas do tempo do açúcar,  dava acesso aos dormitórios e locais de serviço doméstico, incluindo a cozinha. Uma parcela das atividades de preparação dos alimentos era realizada fora da casa, em um puxado pegado à casa e munido de fogão e forno e aparelhagem para o fabrico de farinha de milho ou de mandioca. Nos locais de serviço doméstico se fazia o queijo e se guardava os gêneros. A cozinha era uma vasta dependência, provida de fogões, grandes mesas, pilões, potes de água, tachos de cobre.
No centro da planta, as alcovas. Antigamente denominadas “camarinhas”, as alcovas foram aperfeiçoadas e profusamente adotadas do século 18 em diante, principalmente nas casas urbanas. Mas, verdadeiro contra-senso, foram adotadas na roça, onde não havia problemas de espaço. A tradição identifica  as alcovas como o lugar ideal de dormir, onde o recato e a segurança se aliavam salvaguardando a intimidade. Eram cubículos estanques sem ar e luz diretos, onde as lamparinas dos oratórios e candeias a óleo de algodão se encarregavam de aquecer e viciar a atmosfera enclausurada, como afirmou o arquiteto Carlos Lemos em estudo sobre a arquitetura tradicional paulista.
Olhando do lado externo,  o casarão apresenta fachadas simétricas, com todas as janelas e porta alinhadas. A fachada principal apresenta três janelas de um lado e quatro do outro, e uma ornamentação simples, de forma a permitir diferenciá-la das demais fachadas. A escada de acesso  ao pavimento superior sobe paralela à sua fachada principal, levando a uma porta de entrada no meio da construção.
Com o passar do tempo o casarão sofreu diversas intervenções, que modificaram a distribuição e o uso dos cômodos internos. A senzala, próxima da construção principal, cedeu espaço às pequenas casas de colonos. As “casinhas”,  privadas masculina e feminina que não tinham sistema de esgoto, e  o primitivo moinho, o “engenho d’água”, desapareceram. Durante algum tempo a fazenda Engenho D’água forneceu cana ao Engenho Central. Mais adiante suas terras e a sede foram incorporadas à Société de Sucrèries Bresiliennes,  com sede em Paris, que adquiriu o antigo Engenho Central e o transformou em moderna usina de açúcar. 
Atualmente, a velha sede da Engenho D’água, exemplar típico da arquitetura do açúcar na bacia do rio Tietê, pertence à União São Paulo. Trata-se de construção que merece ser preservada  por seu valor arquitetônico (um dos poucos exemplares remanescentes da arquitetura do açúcar em nossa região) e histórico (testemunho arquitetônico de um período da formação social, cultural e econômica Porto Feliz). Além disso, é um referencial simbólico da cidade do mais alto significado. Quem em Porto Feliz não se vale do Engenho D’água como ponto de referência (de orientação geográfica, de recordação sentimental, de “estilo de casa”, de indicação de local de trabalho etc.)
O levantamento exaustivo   das arquiteturas do açúcar na região foi realizado pelo arquiteto Júlio Roberto Katinsky, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo,  dentro de um projeto       de identificação dos remanescentes de engenhos de açúcar da primeira fase da instalação dessa indústria no planalto paulista. O levantamento identificou os alambiques em torno de Cabreúva e as fazendas em torno de Itu e Porto Feliz e Salto, nas margens direita e esquerda do Tietê.


O sistema de engenho-central

Na primeira metade do século 19, um século de tantas novidades tecnológicas,  há de se notar que a cultura da cana e o fabrico do açúcar na região, bem como no resto do país,  ainda se processavam com base em técnicas antiquadas. Tanto assim que o uso do arado na fazenda do Marques de Monte Alegre,  nas proximidades de Capivari,  despertou a atenção de J. J. von Tschuddi. Ao registrar o fato no seu diário de viagem, justificou  sua menção “porque este instrumento agrícola é quase desconhecido em toda a Província, embora a configuração do terreno se preste muito bem a seu uso”.  Apesar dessa observação, cabe lembrar que o marechal Pedro Daniel Muller faz referência ao uso do arado nas proximidades das vilas de Porto Feliz, Itu e São Carlos [Campinas] no Quadro Estatístico da Província de São Paulo , relativo a 1836/1837.  Outro viajante da  segunda metade do século 19, Augusto Emílio Zaluar,  enxergou um estado de decadência em Porto Feliz naquele tempo. Segundo ele, existia um conjunto de circunstâncias favoráveis ao progresso do povoado: clima ameno e sadio e fertilidade do terreno, bom para o cultivo de café, cana-de-açúcar, chá e fumo. Zaluar entendeu a decadência do lugar como resultado da falta de trabalhadores na lavoura e em decorrência do estabelecimento de uma nova rota para as monções cuiabanas, que no século 18 partiam do antigo porto de Araritaguaba. A população de Porto Feliz, que na primeira metade do século 19 chegara a 11.000 habitantes, em 1860 estava reduzida a 7.000 habitantes, divididos em 5.000 livres e 2.000 escravos. O comércio nessa mesma época era insignificante, segundo Zaluar: algumas tabernas e umas poucas lojas de fazendas e armazéns.
Na área do fabrico é interessante  ressaltar a iniciativa de João Tibiriçá Piratininga, que por volta de 1850  encomendou na Europa um moderno equipamento destinado à fábrica de açúcar da sua fazenda em Indaiatuba. Porém, não se tem notícia dos resultados da sua experiência, nem mesmo se de fato ela foi efetivada.
Produzido assim com técnicas ultrapassadas, o açúcar brasileiro não era páreo para o açúcar porto-riquenho, cubano  ou filipino no mercado norte-americano e muito menos para  o açúcar de beterraba nos mercados europeus. Chegou-se a conclusão que era impraticável a continuidade do velho sistema de engenhos isolados. Surgiu então a proposta renovadora do sistema de engenhos centrais. Nesse sistema,  o engenho-central deveria ser uma grande unidade de produção, separada da área agrícola e equipada com maquinaria moderna, e dentro da fábrica  deveria ser proibida a exploração do trabalho escravo. O sistema de engenho-central respondia a necessidade de adaptação da fabricação do açúcar  à passagem do trabalho escravo ao trabalho livre. O seu aparecimento revolucionou os meios de produção e promoveu o uso de estradas-de-ferro, com a substituição do transporte animal pelo transporte à vapor. O primeiro a ser implantado no Brasil foi o Engenho Central de Quiçamã, no município de Macaé, Rio de Janeiro. Por sua vez, o primeiro da então província de São Paulo foi o Engenho Central de Porto Feliz, que foi inaugurado a 28 de outubro de 1878.
O projeto e a construção do Engenho Central de Porto Feliz coube à Companhia Açucareira de Porto Feliz, uma sociedade organizada por Joaquim Carlos Travassos, Bernardo Avelino Gavião Peixoto, Augusto Fomm, José Manuel de Arruda Alvim, Luís Antônio de Carvalho, Delfino Antônio de Carvalho e Antônio de Paula Leite de Barros.  O grande edifício do novo engenho tinha a forma de cruz, sendo cada asa apropriada a uma fase da produção do açúcar, como às moendas e às casas de caldeira, purgar e destilar. Essa planta em cruz teve uma certa aceitação em várias regiões açucareiras. Ruy Gama, estudioso da arquitetura e tecnologia do açúcar, alertou para o fato de a planta adotada ser uma planta internacionalizada, como o são as máquinas e aparelhos do engenho. Mas parece ser a última das plantas propostas para o engenho, “permitindo que o proprietário, postado na intersecção dos braços da cruz, vigiasse pessoalmente todos os trabalhos”, como grifou Ruy Gama,  inspirado em Michel Foucault , de Vigiar e punir. 
O Engenho Central de Porto Feliz foi absorvido em 1907 e totalmente remodelado pela Société de Sucrèries Bresiliennes. A nova usina resultante dessa intervenção produziu açúcar e álcool  até 1991, ano no qual foram encerradas suas atividades mais que centenárias.  As imponentes ruínas que se vêem hoje, às margens do Tietê, pouco tem a ver com a construção pioneira de 1878.

Jonas Soares de Souza
Museu Paulista  -  USP

As rodovias paulistas e as monções setecentistas



As rodovias paulistas e as monções setecentistas (*)


Estrada dos Romeiros, Rodovia do Estado, Estrada da Gruta, Estrada de Cabreúva, e outras tantas foram as denominações dadas popularmente ao longo do tempo para o trecho Itu - Cabreúva da Rodovia São Paulo - Mato Grosso, aberta ao público no dia 01 de maio de 1.922. Com essa inauguração completava-se o setor considerado o mais importante da rodovia de noventa e sete quilômetros de estrada - tronco que ligava São Paulo a Itu, e era considerada marco na implantação da malha rodoviária paulista.
A estrada estava incluída em um projeto de quase uma década. Em 1.913, o governo de São Paulo chefiado pelo conselheiro Francisco de Paula Rodrigues Alves (quadriênio 1912-1.916) encomendara a elaboração de um "Plano de Viação" para o Estado. A tarefa seria executada sob coordenação do engenheiro Clodomiro Pereira da Silva. Na mesma época, o então deputado estadual Washington Luís Pereira de Sousa, mais tarde famoso como autor do lema "governar é abrir estradas", em documento dirigido ao Secretário da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, Paulo de Morais Barros, ressaltava a importância da abertura de novas rodovias e dizia que, em relação ao automóvel, "sabendo que esse veículo não é um concorrente perigoso da estrada de ferro, e é antes um auxiliar indireto, devemos concluir que fazer boas estradas, para todo o ano, que permitam o trânsito de automóveis, é um dever geral, neste momento de progresso da Viação".
No mesmo ano de 1.913 sancionou-se a Lei 1406, datada de 26 de dezembro, estabelecendo o regime penitenciário no Estado. Em seu artigo 6º essa Lei permitia que, enquanto não estivesse concluída a Penitenciária do Carandiru, os condenados trabalhariam de preferência na abertura, construção e conservação de estradas públicas de rodagem. A mesma Lei, em seu artigo 16, autorizava o governo a estabelecer o sistema de Viação do Estado em relação a estradas públicas de rodagem.
Durante o seu mandato como prefeito de São Paulo (1.914) Washington Luís já tinha traçado um grande programa rodoviário. O programa preocupava-se basicamente com as saídas do município, visando o futuro aproveitamento dos cinco troncos estaduais previstos nos Planos de Viação: 1. São Paulo - Rio de Janeiro, 2. São Paulo - Minas Gerais, 3. São Paulo - Mato Grosso, 4. São Paulo - Paraná e 5. estradas do litoral sul.
Ao assumir o governo paulista, Altino Arantes Marques (quadriênio 1.916/1.920) encontrou a questão rodoviária bastante amadurecida, e em seu mandato deu andamento a diversas obras. Entretanto, somente no governo de Washington Luís (quadriênio 1.920/1.924) é que o rodoviarismo ganhou notável incremento. É por isso que ele pode comemorar o primeiro aniversário de seu governo com a inauguração, a 01 de maio de 1.921, da estrada São Paulo - Campinas, cuja construção tinha sido iniciada em 1.9l6 sob os auspícios da Lei 1.406. A partir de então, tomaram-se medidas concretas para o estabelecimento de um plano definitivo de construção e conservação de estradas, criando-se, através da Lei 1835-C de 26/12/1.921, a Inspetoria de Estradas de Rodagem, subordinada à Diretoria de Obras Públicas da Secretaria da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, e uma brigada de empreiteiros para o desempenho das tarefas de construção e conservação.

O caminho das monções

Nessa época retomaram-se os trabalhos de construção da São Paulo - Mato Grosso, que estavam paralisados. Para Washington Luís, a rodovia resgatava o caminho das Monções setecentistas, antigamente percorrido nas "estradas móveis" das águas dos rios Tietê, Paraná, Pardo, Taquari e Paraguai. O termo monções, na sua origem árabe, significava época ou vento favorável à navegação. Incorporado ao vocabulário do País, passou a referir-se às expedições fluviais povoadoras e comerciais que partiam do antigo porto de Araritaguaba, às margens do Tietê, atualmente Porto Feliz, com destino às minas de ouro nas cercanias de Cuiabá. Apesar de no século 18 ter sido feita a abertura de comunicação terrestre com essa região, na realidade, porém, enquanto perdurarem as grandes monções, ela nunca poderá ser muito mais do que um complemento do comércio fluvial. Se no movimento monçoeiro os rios foram imprescindíveis, eles não tiveram uma ação significativa sobre o movimento das bandeiras, como registrou Alfredo Ellis Júnior em O bandeirismo paulista e o recuo do meridiano: " O Tietê, o velho Anhembi, que à primeira vista parece ter sido o grande caudal que determinou o Bandeirismo, foi desconhecido de grande parte do movimento".
Dois séculos depois da descoberta de ouro junto à barra do Coxipó - Mirim, em 1.718, por Pascoal Moreira Cabral, a Rodovia São Paulo - Mato Grosso retomava o antigo itinerário do movimento monçoeiro.

Estrada-monumento

O trecho Cabreúva - Itu da Rodovia São Paulo - Mato Grosso foi construído entre 1.920 e 1.922. "Uma estrada de rodagem, talvez a mais bela e bem acabada que existe no Estado de São Paulo, vai ser inaugurada justamente no dia em que se verifica o segundo aniversário do atual governo", dizia o jornal República, de Itu, na edição de 30 de abril de 1.922.
O traçado da nova estrada acompanhava, na margem oposta do Tietê, quase que o mesmo traçado da antiga "Estrada do Imperador". Nos séculos 18 e 19 através desse caminho era transportado para São Paulo e Santos, em lombo de burros, a produção ituana de açúcar e café . Isto perdurou até a construção da Estrada de Ferro Ituana, que seria inaugurada em 1.873. A abertura do trecho foi um trabalho difícil. A picada na mata surgiu a golpes de facões e machados. O braço humano escavava à picareta a encosta íngreme e carregava as carrocinhas basculantes transportadoras de terra. A beleza do leito acidentado do Tietê acabou sendo revelada durante a construção da nova estrada, que pouco a pouco ganhava forma. Washington Luís estava tão interessado nas obras que as inspecionou pessoalmente no dia 18 de fevereiro de 1.922. O tamanho da comitiva que o acompanhou naquele dia dá conta da importância da obra para o governo. Com o presidente do Estado estava o seu ajudante de ordens, major Afro Marcondes; o secretário da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, Heitor Penteado; o deputado federal Carneiro da Cunha; o diretor das Obras Públicas, Alfredo Braga; o presidente da Associação Permanente de Estradas de Rodagem, Antônio Prado Júnior e o engenheiro da Diretoria de Obras Públicas, Cássio Vidigal. No ponto em que marcava o estágio mais avançado das obras a comitiva presidencial encontrou-se com o engenheiro fiscal da construção da ponte sobre o Tietê, Paulo Dutra da Silva, e com autoridades do município de Itu. Finalmente, a 01 de maio de 1.922 Washington Luís inaugurou a estrada, comemorando com pompa o aniversário do segundo ano de mandato. O próximo trecho, de Itu a Porto Feliz e Tietê, seria inaugurado no ano seguinte, em 1.923.
No seu governo Washington Luís desenvolveu um extenso programa comemorativo do centenário da Independência (1.822/1.922). Estudioso da História de São Paulo e autor de livros e artigos sobre o assunto, ele tinha como projeto privilegiado a idéia de realçar o papel dos paulistas na construção da Nação. Na estrada Vergueiro (São Paulo - Santos), ao longo da serra, construiu-se uma série de monumentos com tríplice finalidade: celebrar o centenário da Independência (1.822/1.922); lembrar permanentemente aos passantes o "esforço hercúleo dos paulistas" desde a época colonial até aos nossos dias para estabelecer a ligação entre o litoral e o planalto central; e servir de abrigo para os viajantes. Quatro monumentos principais foram então projetados pelo arquiteto Victor Dubugras: Cruzeiro Quinhentista; Marco de Lorena; Rancho da Maioridade e Pouso de Paranapiacaba
Por sua vez, a rodovia São Paulo - Mato Grosso, especialmente o trecho entre São Paulo e Porto Feliz, poderia também rememorar a importância dos paulistas na conquista e formação do território nacional. Em sua última fala pública, em Itu no ano de 1.955, Washington Luís de certa forma deixou patente esta dimensão da estrada: "E esta de Itu é a celebrada estrada, que partida de São Paulo, chegava ao antigo porto de Araritaguaba e ia a Mato Grosso, esse Mato Grosso onde a audácia e a perseverança da gente paulista foram descobrir as minas de ouro de Cuiabá, que enriqueceram a metrópole de então, e, sobretudo, alargaram a capitania de São Vicente, fazendo alongar para oeste imensamente as fronteiras do território brasileiro".
Para o trecho Cabreúva - Itu, que desde a sua inauguração já era considerado como o "mais belo", Washington Luís idealizou e mandou construir muradas, mirantes e bancadas. Não eram monumentos como aqueles construídos pelo arquiteto Victor Dubugras ao longo da serra. Mas eram recursos que tinham a finalidade de facilitar aos passantes a visão de um monumento natural muito maior: o Tietê e os portentosos jequitibás das margens do lendário rio. Nos mirantes o viandante poderia ver o Tietê como a "estada móvel" que conduzira os paulistas ao coração do país e o jequitibá como o símbolo da magnitude do PRP - "É verdade que o Partido Republicano Paulista não proclamou a República; mas amparou, ajudou a constituição e o seu funcionamento. Desse partido foram membros os maiores dentre os maiores homens que trabalharam durante o regime republicano no Brasil", afirmaria mais tarde Washington Luís.
Prosseguindo o caminho, a poucos quilômetros de Itu o viajante alcançaria Porto Feliz, às margens do Tietê. Nas proximidades do antigo porto geral da velha Araritaguaba, um vistoso monumento em mármore rosa, executado em 1.920 pelo escultor Amadeo Zani, o lembraria das fantásticas expedições fluviais do século 18 e da constante motivação do homem para vencer distâncias, descobrir o desconhecido e construir o novo.

(*) Jonas Soares de Souza – professor, historiador da USP.

Bandas Portofelicenses – (subsídios)



Bandas Portofelicenses – (subsídios) (*)

 

 

"BANDA UNIÃO PORTOFELICENSE"


   Esta correcta corporação musical, foi fundada em 29 de junho de 1.897 pelos srs maestros Manoel José de Calazans e Lourenço Rogado. tendo como director o sr. cap Evaristo Rodrigues de Arruda e secretario o sr Francisco de Souza Moraes.
   Desde o seu inicio até hoje (1.909), a banda União, incontestaveis serviços tem prestado a este municipio, adquirindo a symphatia popular, a que tem incontestavel jús.
   Corporação bem organizada, composta de artistas estudiosos que cultivam com apurado gosto a divina arte de Mozart, é sempre um elemento de successo em qualquer cidade onde comparece.
   A sua actual directoria é composta dos srs. Padre José J. Rodrigues, presidente; Frederico Brand, secretario; Justino Gomide Bueno, fiscalização rigorosa, a banda União não deprecia o grande renome que tem.


“EUTERPE PORTO FELICENSE”

   A banda musical Euterpe Porto Felicense no seu inicio, em 1.869, da Guarda  Nacional do municipio, sendo o seu corpo composto de officiaes desta milicia sob a direção do saudoso maestro Benedito Paes de Almeida.
   E uma corporação correcta, bem organizada, possuindo um fardamento deslumbrante que faz jus ao meio civilizado em que viremos.
   E um gosto ouvi-la executando qualquer peça, que seja da primeira vista ou não, sempre com a impeccavel correção, tendo como principal caracteristico, a admiravel harmonia.
  Tem sido seus directores, respectivamente, os srs. Leopoldo Francisco de Paula – 1870 -1872; Antonio Ribeiro de Oliveira, -1872- 1876; Urbano Pinto dos Santos – 1876 - 1908: e de então para cá o distincto jovem Virgilino de Oliveira Santos, intelligente e criterioso e conhecedor profundo da arte muzical.
   E seu presidente o sr. José Teixeira da Fonseca.

(*) Almanach de Porto Feliz 1.909 – Paschoalino Verdi

Canoas ou Batelões



Canoas ou Batelões - ( tamanhos, madeira e construção ) (*)

   A mais antiga referência a essas embarcações é a de Dom Luís Cespedes Xeria que, em 1.628, á maneira da terra, improvisara sua frota, composta de três batelões, um dos quais comportava cinquenta remeiros, talhada que fora em gigantesco madeiro, cuja circunferência media dezessete metros e sessenta centimetros. Nota-se, todavia, que o sistema de navegar adotado pelo governador do Paraguai não era o seguido pelos índios e mais tarde corrente nas frotas de penetração de Mato Grosso. O numero elevado de remadores do governador espanhol seria aproveitado simultaneamente, ou incluiria as reservas de braços para turnos alternados de trabalho? Se, realmente cinco dezenas de homens impulsionavam, ao mesmo tempo a enorme embarcação, teria sido uma inovação de origem européia, pois bem diverso era o processo então adotado...
   Nem todas as canoas postas a flutuar no Tietê tiveram as dimensões registradas por Dom Luiz de Céspedes Xeria. O tamanho variava, sendo usual o de doze e treze metros de comprimento por um e meio de boca, dependendo do porte das árvores existentes nas matas próximas ás oficinas de construção. Na região amazônica, pela mesma época das monções paulistas, as embarcações eram, embora feitas como visto pelo mesmo sistema, bem mais avantajadas proporções. No começo do século XIX, Martins testemunhou, ali a existência de ubás cuja capacidade de carga atingia duas a três mil arrobas, além da equipagem de vinte homens - dimensões jamais atingidas pelas embarcações que trafegavam pelo Tietê, mesmo no auge do comércio fluvial com as minas cuiabanas, havia a considerar, além do menor corpo das arvores das matas do Tietê, a necessidade de atender aos empecilhos da navegação desse rio e o pouco volume de água nos rios que davam acesso á região aurifera, tais o Sanguessuga e o Camapuã.
  

 

1 - Segundo Teotônio Juzarte


 
 Teotônio José Juzarte em sua linguagem chã de homem acostumado mais á espada que a pena de pato, minudenciou a descrição da esquadra de 26 canoas, com que rodou, de Araritaguaba, a 13 de abril de 1.769, em socorro dos miseráveis povoadores do Iguatemi. Vale transcrever essa página que é sem dúvida o mais fiel relato de como então se navegava pelo Tietê.
  "Chamam- se estas embarcações vulgarmente canoas, são feitas de um só pau, têm de comprimento cinquenta até sessenta palmos, e de boca cinco até sete; são agudas para a proa e popa: são á maneira de uma lançadeira de tecelão. não tem quilha, nem leme, nem navegação á vela. A grossura do casco não excede na borda, a duas polegadas. Custam estes cascos, sem mais preparo algum, setenta até oitenta mil réis, e mais fornece cada uma de oito homens, oito remos, quatro varas, uma cumieira ( coberta de lona ), pólvora, bala, machados, foices, enxadas e armas de fogo. A saber, um piloto que piloteia no bico da popa em pé continuamente. Um proeiro na mesma forma no bico da arma cinco ou seis remo do piloto é maior que os outros porque com ele governa a canoa. O dos proeiros é menor que os dos remeiros porque com ele desvia a lança dos perigos que se lhe oferecem pela proa. Os remos dos remeiros são todos iguais; as varas que tem suas juntas de ferro servem somente para subir os rios que nesse caso não se usa de remos; a coberta de lona só serve para cobrir a carga da canoa quando chove. Navegam estas embarcações sempre a céu descoberto, e a gente ao rigor do tempo. Carregam de sorte que só lhes fica fora da água pela sua borda um palmo pouco mais, tem estas embarcações dois espaços vazios nas suas duas extremidades da popa e da proa, que tem cada um de comprimento dez até doze palmos em os quais se não mete carga. Porque o espaço da extremidade da proa ocupam os cincos ou seis remeiros, e o proeiro vai adiante em pé no bico da canoa: o outro espaço da popa, o do piloto governando sua canoa nesse espaço da popa se costuma armar uma barraca ( quem pode fazer essa despesa ) que não acomoda mais que duas pessoas com incômodo, cuja se faz de baeta vermelha forrada de liage, e fica á imitação de toldo de um escaler; mais isto só serve para algum bom caminho porque ás mais das vezes se não pode navegar com a da barraca, e tudo mais a céu descoberto, sentados por cima das cargas que enchem a canoa por todo seu comprimento, livres as duas extremidades. Nestas duas extremidades livres o vazio que acomoda a carga, há duas travessas que seguram a borda da canoa, uma avante e outra á ré; cada uma tem o seu furo no meio, por onde se enfiam perpendicularmente duas foquilhas que excedem acima dessas travessas dois palmos; em cima destas forquilhas se atravessa uma vara, a que chamam cumieira sobre esta cumieira se poem de palmo a palmo, umas varinhas á maneira de pernas das de um telhado e cujas extremidades botam fora da borda da canoa. Isto feito o que se executa depressa se cobre com a coberta de lona que vai pronta para isso, e fica a canoa coberta das chuvas, á maneira de um telhado, ou tumba que pouca ou nenhuma água lhe cai dentro; e isto se faz durante as tempestades de chuva, ou quando se passam ondas grandes que, saltando por cima de uma parte para a outra, escoam as águas pela lona para fora. Exceto os espaços ditos que não se cobrem e a água que lhes cai dentro se esgota"...


2 - Segundo o viajante sueco Gustavo Beyer

 

Em 1.813 de passagem por Araritaguaba Gustavo Beyer, viajante sueco, teve ensejo de ver a frota que se apresentara, por ordem do Conde de Linhares, abandonada sob um galpão desde a morte do operoso ministro, acontecimento que frustava a expedição. O escandinavo assim descreveu as embarcações: "Em cada canoa cabem oitenta homens com armas e tudo necessário, menos água e todas são feitas da preciosa peroba, de cujo tamanho se pode fazer idéia sabendo que uma canoa destas é feita de um só tronco”.

3 - Segundo Hércules Florence


   Treze anos depois, segundo o testemunho de Hércules Florence, pouco se haviam alterado o feitio e as dimensões dessas embarcações:
   "Tinham ( as canoas )  5 pés de largo, sobre 50 de comprimento e 3 1/2 de profundidade, feitas de um só tronco de árvore e trabalhado por fora, de fundo chato e com pouca curva. Esse fundo era de 2 1/2 polegadas de espessura, a qual ia diminuindo até a borda, onde não tinha mais de uma polegada. Uma larga faixa de madeira, pregado solidamente, guarnecia as duas bordas, e bancos deixados no interior da canoa aumentavam-lhe a solidez, além de 2 grandes travessas, que concorriam para o mesmo fim. Essas embarcações assim construídas, são muito pesadas entretanto, ainda que fortes, não podem comumente resistir ao choque nos baixios, quando impelidas pela rapidez das águas."

4 - Segundo Aires Casal


   Eram estas as grandes canoas descritas por Aires de Casal em sua "Corografia Brasílica" (1.817) "de oitenta palmos de comprimento, sete e meio de largura, e cinco de alto, em que se navega para o Cuiabá, e carregam 400 arrobas, afora o mantimento necessário para 8 homens de tripulação, e ás vezes passageiros."

5 - Segundo o governador Rodrigo Cesar de Menezes


   Dom Rodrigo César de Menezes, em 1.724, referiu que as embarcações empregadas no transito para Cuiabá apenas comportavam cinquenta a sessenta arrobas, incluindo-se nesse limite o peso dos tripulantes; o mesmo viajante, todavia, queixando-se das perdas sofridas na descida dos rios, afirmou que suas canoas haviam transportado dez homens, em média para cada uma, o que com a mercadoria, perfaria peso muito superior ao mencionado.

6 - Segundo Cândido Xavier de Almeida e Souza


   Em 1.786, segundo Cândido Xavier de Almeida e Souza, cada canoão admitia dez homens, além dos encarregados da navegação, oito ao todo, a saber piloto, contra-piloto, proeiro e cinco remadores. Antes, em 1.757 na frota do Conde de Azambuja, o numero de passageiros havia sido de vinte, sem contar a gente de mareação. Tais divergências se  explicam pela falta de madeiras que permitissem a construção de cascos de tamanho uniforme, sabido que o interesse das autoridades era o de obter a maior lotação possível, dado que as dificuldades da navegação não diminuiam sensivelmente com a redução da tara dos barcos nos maus passos dos rios, tanto os grandes como os pequenos tinham de ser arrastados pelos varadouros. Poupava-se também o pessoal de mareagem que não era abundante.
  

Conclusão


Como visto, as canoas paulistas não diferiam muito das pirogas: faltavam-lhes carona, leme e velas e eram impelidas, como aquelas por homens que se conservavam com pé na proa. Já havia, entretanto, maior acomodação interna, varejões ferrados, cumieiras com toldos de lona desmontáveis para abrigo da carga, bem como bordas reforçadas e cintas de resistência para o cavername, até aparelho de ancoragem de feitio alongado e estreito, com as extremidades agudas, essas embarcações mantinham a proporção de um para dez, aproximadamente, entre a maior largura e o comprimento total. Apesar do espaço ocupado pelas obras mortas ( bancos, travessões, forquilhas para a cumieira ) tinham boa capacidade de lotação, utilizada no limite de flutuação, para aproveitamento máximo do custo dos cascos e das viagens de longo percurso. Quatrocentas arrobas de carga, afora o mantimento, eram acomodadas nessas canoas, sempre que possivel, em fundos cilíndricos, para ganho de espaço. Admite Buarque de Holanda, entretanto que isso só passou a verificar-se em fins do século XVIII e começo do seguinte, quando já escasseavam as árvores de grande porte; antes as dimensões das canoas deveriam ter sido maiores, facultando bem maior capacidade de transporte.
   Havia, na construção das canoas, preferência por certas madeiras que bem resistiam á umidade. Nas margens do Tietê, as essências mais usadas eram a peroba, o ximbó e o tamboril. A devastação das matas marginais foi, porém acentuando a falta de troncos adequados e consequentemente, encarecendo a construção. Tempo veio em que as canoas já não podiam ser construídos á beira-rio: em plena mata eram as árvores abatidas e ali mesmo desgalhadas, alquejadas e escavadas, havendo que arrastar as embarcações prontas para a água...

(*) Rio Tietê – Mello Nobrega

Pequena Efemérides de Porto Feliz



Pequena   Efemérides de Porto Feliz


01/01/1798- Toma posse a primeira Câmara da vila de Porto Feliz perante os oficiais da Câmara de Itu. Os primeiros funcionários da Câmara portofelicense foram escrivão, José Martins Bonilha; porteiro, Roque Rodrigues Machado; almotacel, Manoel José Vaz Botelho. Os salários eram os seguintes: escrivão 8$000 (oito mil réis); porteiro 2$000 (dois mil réis); carcereiro 4$000 (quatro mil réis), alcaide 5$000 (cinco mil réis) e almotacel 4$000 (quatro mil réis).
01/01/1799 ‑Eleição da Segunda Câmara de Porto Feliz.
01/01/1900 ‑ Nasce João Portela Sobrinho, filho de tradicional família de agricultores. Foi Prefeito Municipal entre os anos de 1938 a 1942, participou da revolução constitucionalista de 1932.
01/01 /1926 ‑ Inauguração de uma linha de ônibus ligando Porto Feliz a Tietê.
O l /01 / 1961‑ E suprimido o ramal férreo de Porto Feliz a Boituva por determinação do então Governador do Estado de São Paulo, Carlos Alberto de Carvalho Pinto. A extinção do ramal,  constitui‑se numa verdadeira afronta ao ilustre Ex‑Presidente do Estado de São Paulo Dr. Altino Arantes, e ultrajou a memória do grande portofelicense, Dr. Cesário Motta.
02/01/1842. ‑ Nasce em Porto Feliz, Antônio de Toledo, ilustre professor. Foi lente da Faculdade de Direito de São Paulo.
02/01/1905 ‑ Construção da Ponte do Pirapora sobre o rio Tietê, na estrada que vai a Capivarí e Porto Feliz.
03/01/1835 ‑Falece o Alfares Joaquim Mariano de Almeida, com 40 anos; envolto em pano preto foi enterrado dentro da Matriz de Nossa  Senhora Mães dos Homens em Porto Feliz.
03/01/1909 ‑ Reúne‑se a Câmara de Porto Feliz, para proceder a eleição de seus membros. Ficou assim constituída: Presidente ‑ Antônio Pimenta Jr.., Vice Presidente ‑ João Norberto Madureira de Camargo, Prefeito Municipal ‑ Manoel Leandro da Rocha, Vice Prefeito ‑Djalma Honorato de Arruda. E assim foram preenchidos todos os cargos da administração municipal, de acordo com o que determinava o decreto de número 1.533.
04/01/1830 ‑ Casam‑se em Itu Hércules Florence e Maria Angelica. Ele foi o desenhista da Expedição Langsdorff partiu de Porto Feliz.
Ela era filha do político liberal Francisco Alvares Machado e Vasconcelos, que foi cirurgião nesta cidade na época da partida da Expedição.
04/01/1965 ‑ Em sessão solene, na Câmara Municipal, tomou posse a nova mesa que dirigirá a mesma no ano de 1965. Presidente Dr.. Walter Castelucci, vice Presidente, Dr. José Geraldo Pacheco da Cunha, 1°. Secretário, Francisco Rojas, 2°. Secretário, Pedro Paulo Ghiraldi.
04/01/1976 ‑ Inauguração na Praça Dr. José Sacramento e Silva, do monumento à Bíblia. A Solenidade contou com a presença de grande número de pessoas de varias confissões cristãs.
05/01/1728 ‑ O General Governador Dom Rodrigo Cezar de Menezes, assina carta dando terras a Antônio Aranha Sardinha.
05/01 /1828Morre afogado nas águas do Rio Guaporé, Adriano de Taunay, com 25 anos incompletos, também era desenhista da Expedição Langsdorff. Era filho do Barão de Taunay, chegou ao Brasil em 1815, acompanhado de mais quatro irmãos. Engajou‑se na Expedição em 3 de Setembro de 1825.
06/01/1965 ‑ Tomou posse a nova Diretoria da Guarda Mirim de Porto Feliz. A diretoria estava assim constituída: Presidente de Honra, Dr. Décio Rezende de Campos, Juiz de Direito da Comarca, Presidente, Dr. Uedney Junqueira do Amaral, Vice Presidente, Adolfo Boscolo, Secretário, Sebastião Manoel Antunes, Tesoureiro, Euclides Milaré, Diretores, Airton Carvalho Pires, e Romualdo Crocco.
07/01/1845 ‑ Perante a Câmara Municipal de Porto Feliz, toma posse e presta juramento, o Presidente da Câmara Municipal da Vila de Pirapora (Tietê).
07/01/1887 ‑ Nasce nesta cidade Deusdedit de Lima, famoso flautista portofelicense. Foi companheiro do célebre compositor e maestro André Rocha.
07/01/1905 ‑ Posse dos vereadores e Juizes eleitos 1905 / 1908. A noite grande baile na casa do Evaristo Rodrigues de Arruda, na Rua José Bonifácio, com foguetes, baterias, que só terminou as 21:00 horas.
07/01/1932 ‑ Falece nesta cidade o famoso flautista Deusdedit de Lima.
07/01/1940 ‑ Circula nesta cidade o primeiro número do Jornal "A Comarca", cujo diretor foi o Sr. João Calvino. Foram seus primeiros colaboradores o Dr. Francisco Osvaldo Castelucci e o Dr. Walter Castelucci.
08/01/1973 ‑ Falece no Hospital Santa Lucinda, em Sorocaba, Dom José Carlos Aguirre, 1°. Bispo da Diocese de Sorocaba, a qual pertence a paróquia de Nossa Senhora Mães dos Homens de Porto Feliz. Nascido em ltirapina, então município  de São Carlos, foram seus pais o Sr. Francisco Leopoldo Aguirre e dona Maria de Campos Aguirre. Contava 93  anos de idade, e 69 anos de sacerdócio e 49 anos de episcopado, eleito bispo de Sorocaba em 4 de julho de 1924, foi sagrado em Bragança, na matriz, onde era pároco, em 08 de Dezembro do mesmo ano, chegou em Sorocaba no dia 31 do mesmo mês e tomou posse da diocese em 1 °. de Janeiro de 1925.
09/01/1890‑ É classificada de Primeira Entrância a Comarca de Porto Feliz, pelo decreto n°. 126, do Governo Estadual.
09/01/1956 ‑ A Câmara Municipal de Porto Feliz, vota e aprova a Lei n°. 581 que, sendo de iniciativa do prefeito municipal, Sr. Lauro Maurino, cria a Escola Normal Municipal desta cidade.
10/01 / 1831 ‑‑‑ A Câmara Municipal de Porto Feliz, cria a primeira Escola primária na Vila de Pirapora (Tietê).
11/01/1989 ‑ É demolido por ordem do prefeito Municipal desta cidade o prédio da antiga prefeitura, cuja construção datava de mais de duzentos anos. A ordem da demolição feita pelo prefeito Erval Steiner veio mais uma vez desfalcar o Património Histórico de Porto Feliz, já tão prejudicado com outras demolições.
12/01/1732 ‑ O Conselho Ultramarino de Sua Majestade, confirma a carta de Sesmaria assinada pelo General Dom Rodrigo Cezar de Menezes, dando posse a Antônio Aranha Sardinha.
12/01 / I 850 ‑ A Câmara Municipal de Porto Feliz informa o Governador da Província que existe as salas de instrução Pública de primeira letras do sexo feminino e mais quatro de primeiras letras, com oitenta alunos dados relativos ao ano de 1849. No ano de 1851, os informes sobre a educação do ano anterior (1850) dão conta que as classes de primeiras ledas (02), possuem 92 alunos, masculinos e femininos.
12/01/193 I ‑ Instala‑se em Porto Feliz, a Sociedade de Responsabilidade Limitada Banco Popular e Agrícola de Porto Feliz que, mais tarde passou a denominar‑se Banco de Crédito Agrícola e Popular de Porto Feliz. Seu primeiro gerente foi o Sr. José Elias Habice.
I 3/0 I / 189 I ‑ Nasce o poeta Benedito Gomide, filho de Prudêncio da Silva e Dona Maria Jacinta Gomide. Estudou no Grupo Escolar de Porto Feliz. Era cunhado de Pascoalino Verdi, onde iniciou o aprendizado de Gráfico Autodidata. Estabeleceu-se na cidade de Tietê, com a família, quando a oficina do "A raritaguaba" foi invadida pelos inimigos políticos de Verdi. Em 1923, assumiu a gerência de "A Cigarra", onde periodicamente, publicava suas poesias. Faleceu em 29 de Agosto de 1969.
13/01/1924- Reúnem-se, sob a presidência do empresário portofelicense, Joaquim Olavo de carvalho, alguns empresários de Porto Feliz e de outras localidades que subscrevem o capital necessário para a construção da Fábrica de Tecidos Nossa Senhora Mãe dos Homens. Organizou-se, então, a sociedade anônima para a exploração da indústria de tecidos. O capital inicial da sociedade foi de 1.000.000$000 (um mil contos de réis). A primeira diretoria era composta por presidente coronel Antônio Emídio de Barros, diretor- vice-presidente Dr. Vicente de Almeida Sampaio Primo, Diretor‑Secretário Dr. Silvio Brand Correa, Diretor Gerente ‑Coronel Joaquim Olavo de Carvalho, Diretor Substituto  Sr. Antônio Martins Sampaio.
14/01/1900 ‑ A diretoria da Corporação Musical "União Portofelicense", reúne-se, sob a presidência do Sr. Evaristo Rodrigues de Arruda, e resolve criar o uniforme para os membros da Banda com três modelos ou tipos de fardamentos, a saber: 1 °. Conjunto, paletó preto, 2°. conjunto, fardamento inteiramente preto, 3°. Conjunto, calças brancas, colete branco e calças pardas. Tudo isso consta da ata lavrada e assinada nesse dia pelo diretor, mestres e músicos.
14/01/1992 ‑ Morre, neste dia o Dr. José Esmédio Paes de Almeida.
15/01/1870 ‑ Sabino José de Mello, Procurador da Câmara faz levantamento do número de casas em Porto Feliz e registra 440 residências nas 21 ruas da cidade.
15/01/1896 ‑Nasce Aparício Pires, filho de Tómas Pires e Dona Ernestina Clara da Fonseca Pires. O Sr. Aparício Pires era descendente de tradicional família portofelicense.
15/01 / 1908 ‑ A Câmara Municipal de Porto Feliz reúne‑se para proceder a eleição da mesa, do prefeito municipal, do vice‑prefeito e do sub‑prefeito do Distrito de Boituva. Foram eleitos: Presidente da Câmara ‑ Capitão Augusto Millet, Vice Sr. João Madureira de Camargo. Prefeito Municipal, o Dr. Cristovam da Gama, Vice‑prefeito ‑ Djalma Honorato de Arruda, Sub‑prefeito de Boituva ‑ Francisco de Arruda Botelho.
15/01/1920 ‑ É novamente eleito prefeito de Porto Feliz o Sr. Coronel Eugênio Euclides da Motta e Vice‑prefeito, o Sr. Boanerges de Albuquerque. O prefeito e o vice foram escolhidos pelos vereadores eleitos em 31/10/1919.
15/01/1985 ‑ Falece Benedita Pires de Almeida Leal, esposa do Sr. Jarbas Seabra Leal. Era conhecida por Mocica e foi professora em Porto Feliz.
16/01/1845‑ A Câmara Municipal de Porto Feliz determinou o envio dos diplomas aos vereadores e juízes de paz da Vila de Pirapora, Tietê, desmembrada de Porto Feliz.
17/01/1884‑Nasce em Porto Feliz, Sabino José de Mello. Jornalista, militou na imprensa local, escrevendo para os seguintes jornais: "O Municipal", "A Voz de Porto Feliz", "A Comarca" e o "O Porto Feliz". Tomou parte na revolução de 1924 e foi soldado constitucionalista de 1932.
17/01 /1917‑ Nasce, em Capivari, o empresário e historiador Vicente Palma, filho de Francisco Palma e Regina Fatoretto Palma. Fixou residência em Porto Feliz, onde se estabeleceu como comerciante. Tornou‑se um dos mais dedicado estudioso da história de Porto Feliz e das tradições da "Terra das Monções". Por muitos anos, e até o seu falecimento, foi responsável pela direção do Museu Histórico e Pedagógico das Monções. Foi agraciado pela Câmara Municipal desta cidade com o título de "Cidadão Honorário de Porto Feliz".
18/01/1966 ‑ Falece, nesta cidade, Felício Castelucci. Foi político, tendo sido vereador por várias vezes, exercendo, também, o cargo de Prefeito Municipal. Era comerciante, industrial e lavrador.
19/01 / I 952 ‑ Pelo decreto n°. 258, da Câmara Municipal de Porto Feliz, o Prefeito Dr. Antônio Pires de Almeida, promulga a lei que dá a denominação de Vila Progresso a um dos bairros mais importantes desta cidade.
20/01 / 1946 ‑‑ Semanário "A Comarca"de propriedade do Sr. Rogério Gomes, notícia: "Greve Operária ‑ movimento grevista, interrompido em dias da semana finda entre operários da Fábrica de Tecidos Nossa Senhora Mãe dos Homens. Assim é que vários operários foram arrastados do leito, presos e deportados para a capital..." Responsabilidade da nota publicada no "A Comarca", foi de Sabino José de Mello.
21/01/1868 ‑ No relatório da Câmara Municipal de Porto Feliz, faz‑se menção à primeira iluminação pública do Município, onde os respectivos lampiões foram fornecidos por cidadãos.
21 /01 / 1977 ‑ Falece, nesta cidade, aos 74 anos de idade, Dona Josefina Diana Bazzo, casada com o Sr. Jacinto Bazzo. Muito estimada por todas as pessoas que a conheciam.
22/01/1850 ‑ O presidente da Província de São Paulo, Vicente Pires da Motta, comunica à Câmara da Vila de Porto Feliz que o cidadão José Vaz de Almeida passa a ser membro da comissão inspetora da aula de latim e francês desta Vila.
23/01 /1955 ‑ Dentro de grande expectativa, encerrou o grande "Concurso Miss Esporte 1955/1956, sendo eleita, por grande maioria de votos, a candidata da Associação Atlética Portofelicense,  Maria de Lourdes Campos com 16.181 votos. Em 2°. lugar, Lucrécia Morro, candidata do Esporte Clube Araritaguaba com 9.647 votos. Em 3°. lugar, Nair Fernandes, candidata do Esporte Clube União, com 6.151 votos.
23/01/ 1957 ‑ Falece Otavio de Toledo Piza.
24/01/1890‑ Instalação do Cartório de Registro Geral das Hipotecas da Comarca de Porto Feliz, pelo Meritíssimo Juiz de Direito da Comarca, Dr. Manoel José Vilaça, tendo com 1 °. Oficial Interino o escrivão do público judicial, Maximiniano José da Motta.
24/01/1964 ‑ Inauguração da sede social da AAP à Rua Cândido Motta.
24/01/1970‑Falece, nesta cidade, Pedro Martins de Arruda, ilustre portofelicense, compositor de música sacra, um dos diretores da Irmandade de São Benedito, zelador da igreja dedicada a este santo e um dos fundadores da Banda de Música "União", da qual foi maestro.
25/01/ 1943 ‑É fundado, nesta cidade, a Associação Atlética Portofelicense. Muito influiu, para a realização de tal evento, o então gerente da companhia francesa e da usina de açúcar, Dr. Julien Fouque.
25/01/1959 ‑ É fundada, nesta cidade, a Radio Emissora Portofelicense por um grupo de pessoas dedicadas à radiocomunicação, tendo a sua frente o médico Dr. Walter Castelucci. A emissora tinha por lema (ou slogan): "A que todos os dias está em seu lar".
26/01 / 1904 ‑ Nasce Evaristo Pereira Filho.
26/01/1981 ‑ Falece, em Porto Feliz, o Dr. Francisco Moreira Júnior, médico operador que havia fixado residência nesta cidade desde 1937. Foi vereador, presidente do Rotari Clube, do Clube Recreativo Familiar, diretor da Associação Atlética Portofelicense. Era diretor clínico da Santa Casa de Misericórdia. Muita influência teve ele na construção da nova Santa Casa de Misericórdia.
27/01/1920‑ Em reunião realizada pelo Provedor da Santa Casa de Misericórdia de Porto Feliz Cel. José Esmédio Paes de Almeida, foi exposta a situação financeira que é precária. Havendo perigo de fechamento das portas desta instituição de caridade que tantos alívios tem proporcionado aos pobres que nela encontram o conforto e amparo e, muitas vezes, a própria vida. O Cel. José Esmédio Paes de Almeida fez um apelo à generosidade da população, bem como do comércio e, também, ao Engenho Central, solicitando recursos para a manutenção do hospital. pois, a verba recebida da Prefeitura não cobria as despesas. I ‑louve grande movimentação para a arrecadação de fundos.
28/01/1890 ‑ O primeiro governador do Estado de São Paulo nomeia, em seu relatório, a intendência do município de Porto Feliz. Essa intendência foi a primeira nomeada no Estado, logo após a proclamação da República.
28/01 /1908 ‑‑ Realiza‑se o enlace matrimonial do Sr. Gabriel de Carvalho com a Senhorita Francisca Teixeira de Carvalho. Foram seus paraninfos os senhores Lotário Carvalho e José Manuel de Arruda.