segunda-feira, 4 de setembro de 2017

A história de Porto Feliz, um capitulo importante da história brasileira



A história de Porto Feliz, um capitulo importante da história brasileira (*)

Nossa cidade escreveu um dos capítulos mais fascinantes e importantes da História do Brasil  no século 18. Nosso porto de Araritaguaba, deixou na história brasileira um verdadeiro marco que ficou conhecido com o nome de Monções.
Monções, palavra de origem árabe, eram ventos alternados, que propiciavam a navegação à Índia e, na época colonial do Brasil, passou a referir-se às expedições fluviais do século 18, comerciais e povoadoras, que partiam do nosso porto de Araritaguaba. “O termo designava a navegação fluvial para o oeste, realizada pelos paulistas durante o século XVIII. Essa jornada empregava remos: necessitava de força física e não eólica. No entanto, Sérgio Buarque de Holanda destacou a existência de traços semelhantes entre as viagens oceânicas portuguesas a as fluviais dos paulistas: regularidade, periodicidade e duração. Todos os anos, nos meses de março a abril, as viagens para o Oriente coincidiam com as jornadas paulistas para Cuiabá, aproveitando as cheias dos rios e a facilidade de navegação. O trajeto entre Porto Feliz a Cuiabá consumia cerca de cinco meses, mesmo tempo da rota entre Portugal à Índia.  As monções ocupam importante capítulo da história colonial, marcando a ampliação das fronteiras e a colonização do interior, constituindo um prolongamento das bandeiras paulistas. As primeiras monções para Cuiabá empregavam o mesmo contingente humano das bandeiras do século XVII, mas se iniciaram quando o bandeirantismo entrava em declínio. Sérgio Buarque destacou que as longas jornadas fluviais modificaram algumas características das bandeiras, diversificando os meios de locomoção a exigindo nova postura dos componentes. Se para os bandeirantes os rios eram obstáculos à marcha, nas monções eram a principal artéria de deslocamento, razão pela qual as técnicas fluviais alcançaram grande desenvolvimento entre os paulistas. Para tornar a jornada menos perigosa, formaram-se comboios que substituíram as unidades isoladas. Nos primeiros anos, muitos morreram nas monções por ataques indígenas, naufrágios e fome. Para que os navegantes, suprimentos e mercadorias fossem protegidos contra as intempéries do clima, as embarcações ganharam toldos de lona, brim ou baeta, sustentados por armação de madeira, e tornou-se recorrente o use de mosquiteiros. As técnicas de navegação se basearam nas tradições indígenas, mas eram empregadas toras maciças na construção de canoas, em vez de cascas de árvores, para torná-las mais resistentes e duradouras. Possuíam cerca de 13 metros de comprimento, contando com seis remeiros, piloto e proeiro, sendo as cargas dispostas no centro da embarcação. Com a descoberta de veios auríferos, intensificou-se o comércio na região. As frotas, então, reuniam por vezes 300 ou 400 canoas, que transportavam desde sal até artigos de luxo, como sedas, de modo que as monções se tornaram essenciais para o abastecimento das minas nos primeiros tempos, rivalizando em importância com o abastecimento terrestre à base de tropas de mulas e contribuindo para a formação de circuitos internos na economia colonial”, escreve Ronaldo Vainfas no Dicionário do Brasil Colonial.
Cesário Mota Júnior, portofelicense foi o primeiro a escrever a história do Rio Tietê e das Monções,   publicando uma série  de artigos no jornal de Piracicaba – A Gazeta . Posteriormente , esses artigos foram reunidos no livro ‘‘Porto Feliz e as Monções para Cuiabá”.  Já no cargo de  Secretário de Estado dos Negócios do Interior, Cesário Mota sugeriu ao pintor Almeida Júnior a pintura de um quadro sobre as Monções. Daí, nascendo o famoso quadro “Partida da Monção”.
Muitos livros foram escritos sobre a navegação monçoeira pelo rio Tiête, os dois livros mais conhecidos são: Relatos Monçõeiros, organizado por Taunay e  “Monções”, escrito pelo famoso historiador Sérgio Buarque de Hollanda.
Porto Feliz faz parte importante da história de nosso país. Somos a “ Terra das Monções “ e uma das “Fonte Histórica” desta grande nação...
Isso devemos preservar.

(*) Jonas Soares de Souza – Tribuna das Monções – outubro 2000

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