Engenho D'Água (*)
A sede da Fazenda Engenho D'Água foi construída em 1.858,
quando era seu proprietário Antônio Paula Leite de Barros. A denominação da
fazenda se deve à existência, naquela altura, de um pequeno engenho tocado à
água. O proprietário era um grande plantador de cana-de-açúcar e seu filho,
Antônio Paula Leite Filho, foi um dos acionistas da Companhia Açucareira de
Porto Feliz, empresa que em 1.878 colocou em funcionamento o Engenho Central de
Porto Feliz.
O casarão de grandes dimensões apresenta um pavimento
inferior, que acompanha toda a extensão da construção. Esse pavimento inferior,
com piso de terra batida, era usado como depósito de mantimentos, ferramentas,
utensílios agrícolas e arreios. A parte superior, com assoalho de madeira, era
o espaço da moradia isolada. Uma grande sala central de entrada, a chamada
"sala da frente"; própria das casas do tempo do açúcar dava acesso
aos dormitórios e locais de serviço doméstico, incluindo a cozinha. Uma parcela
das atividades de preparação dos alimentos era realizada fora da casa, em um
puxado pegado a casa e munido de fogão e forno e aparelhagem para o fabrico de
farinha do milho ou da mandioca. Nos locais de serviço doméstico se fazia o
queijo e se guardava os gêneros. A cozinha era uma vasta dependência, provida
de fogões, grandes mesas, pilões, potes de água, tachos de cobre. No centro da
planta, as alcovas. Antigamente denominadas "camarinhas"; as alcovas
foram aperfeiçoadas e profusamente adotadas do século 18 em diante, principalmente
nas casas urbanas. Mas, verdadeiro contra-senso, foram adotadas na roça, onde não havia
problemas de espaço. A tradição identifica as alcovas como o lugar ideal de
dormir, onde o recato e a segurança se aliavam salvaguardando a intimidade.
Eram cubículos estanques sem ar e luz diretos, onde as lamparinas dos oratórios
e candeias a óleo de algodão se encarregavam de aquecer e viciar a atmosfera
enclausurada, como afirmou o arquiteto Carlos Lemos em estudo sobre a
arquitetura tradicional paulista.
Olhando do lado externo, o casarão apresenta fachadas
simétricas, com todas as janelas e portas alinhadas. A fachada principal
apresenta três janelas de um lado e quatro do outro, e uma ornamentação
simples, de forma a permitir diferencia-la das demais fachadas. A escada de
acesso ao pavimento superior sobe paralela à sua fachada principal, levando a
uma porta de entrada no meio da construção.
Com o passar do tempo o casarão sofreu diversas
intervenções, que modificaram a distribuição e o uso dos cômodos internos. A
senzala, próxima da construção principal, cedeu espaço às pequenas casas de
colonos. As "casinhas"; privadas masculina e feminina que não tinham
sistema de esgoto, e o primitivo moinho, o "engenho d'água";
desapareceram.
Durante algum tempo a fazenda Engenho Dágua
forneceu cana ao Engenho Central. Em 1907 foi criada a Société de
Sucrèries Bresilienses, com sede em Paris, que adquiriu o antigo Engenho
Central e o transformou em moderna usina de açúcar. Em seguida, a S.S.B.
começou a comprar as fazendas da região, comprando inclusive a Fazenda Engenho
D'Água e construindo a sede da Capoava.
Atualmente, a velha sede da Engenho D’Agua, exemplar típico da
arquitetura do açúcar na bacia do rio Tietê, pertence à União São Paulo.
Trata-se de construção que merece ser preservada por seu valor arquitetônico
(um dos poucos exemplares remanescentes da arquitetura do açúcar em nossa
região) e histórico (testemunho arquitetônico de um período da formação social,
cultural e econômica de Porto Feliz). Além disso, é um referencial simbólico da
cidade do mais alto significado.Quem em Porto Feliz não se vale do Engenho
D'Água como ponto de referência (de orientação geográfica, de recordação
sentimental, de "estilo de casa" de indicação de local de trabalho
etc. ).
(*)Jonas Soares de Souza - - Professor Jonas Soares de
Souza é historiador do Museu Paulista da USP.
EXCELENTE MATERIA,,, ESTAVA FAZENDO UMA PESQUISAS DOS ANTEPASSADOS QUE VIERAM DA ESPANHA, E CONSEGUI A INFORMAÇÃO DE QUE ELES FORAM LEVADOS DO PORTO DE SANTOS A ESTA FAZENDA ,
ResponderExcluirOBRIGADO PELAS INFORMACOES
Meu avô paterno, Lupércio de Paula Leite Sampaio nasceu na fazenda.
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