quarta-feira, 6 de abril de 2016

Porto Feliz e os caminhos de penetração da capitania de São Paulo


Também, em 1.629, o grande sertanista André Fernandes iria conduzir, sob sua guarda, para o Paraguai, pelo mesmo porto de Araritaguaba, D. Vitória de Sá, senhora fluminense e esposa de Céspedes Xeria. Também desceram, no século XVII, o rio Tietê, Francisco Pedroso Xavier (para invadir e assolar, em 1.675 e 1.676, reduções espanholas), Brás Mendes Pais, que se encontrava em Mato Grosso, em 1.682, com seu irmão Pedro Domingos Pais e Pedro Leme da Silva, o Torto; Manuel de Frias Taveira, que fez uma incursão contra os índios do Itati, Gaspar de Godói Colaço que devassou, em 1.698, a região da Vacaria de Mato Grosso, onde já havia estado anteriormente, em 1.676, com Pedroso Xavier; Amaro Fernandes Gauto, partícipante da expedição de Godói Colaço, de 1.698, também sobre Vacaria de Mato Grosso e muitos outros que a história não conseguiu registrar.
Essas viagens do século XVII e das duas primeiras décadas do século seguinte eram penosas e cheias de riscos e dificuldades. Os paulistas embarcavam no rio Tietê, nas imediações de Itu ( Porto Feliz ), desciam o Anhembi ( rio Tiete ) e depois o Paraná até as vizinhanças de Sete Quedas, onde adentravam uns, rumo ao Sul, galgando a Serra do Maracaju para alcançarem o Guairá; outros marchavam para Oeste, pelo vale do Apa ou Piraí, em busca do Itati, ou, então, como terceira alternativa, tomavam direção NO para descerem, desde suas cabeceiras, o Mbotetéu (ou Miranda).
Pelos idos de 1.685, o sorocabano Paschoal Moreira Cabral Leme, o futuro descobridor das minas de Cuiabá, instalou-se, com sua comitiva, à margem do Mbotetéu, depois Miranda, no sul de Mato Grosso, onde os paulistas expandiram os seus domínios pelos campos da Vacaria, margens do Iguatemy e terras da Serra do Maracaju. Paschoal Moreira Cabral, numa dessas investidas contra os índios acabou encontrando, casualmente, em 1.718, nas margens do Coxipó-Mirim, mostras de ouro. Diante do promissor achado, os bandeirantes fizeram pesquisas mineradoras, com o auxílio de João Antunes Maciel e outros, até serem atacados pelos índios. Todavia, quando escasseavam as esperanças e toda a expedição sofria o risco de extermínio, apareceu, inesperadamente, a bandeira salvadora de Fernando Dias Falcão. Assim, como escreveu Capistrano de Abreu, Sem serem procuradas apareceram as minas de Cuiabá (...) as notícias (...) levadas ao povoado, agitaram a população e levianamente se lançou à terrível jornada que começava no Tietê ( porto de Araritaguaba-Porto Feliz ) e prosseguia pelo Paraná...(2)
(1) Francisco Nardy Filho - O Estado de São Paulo - 25 de outubro de 1.940, pg. 6 (Licença USP-SP em 1995)
(2) Anais do Museu Paulista, tomo XXXI, 1.982, artigo Caminhos de Penetração da Capitania de São Paulo, Paulo Pereira dos Reis, páginas 304 e 306.

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