Porto Feliz 1790/1830 primeira economia: cana-de-açúcar
...Outra localidade nas terras do planalto, consideravelmente açucareira foi Pôrto Feliz, situada perto de Itu e constituindo uma das vias de acesso a Cuiabá. A antiga povoação de Araritaguaba , segundo Pizarro, tinha terras "assás aptas e as melhores para a produção da cana doce, produzem grande quantidade de açúcar e aguardente" . Também é mencionada por Aires do Casal como cultivadora da cana de açúcar e Saint-Hilaire refere-se aos habitantes da povoação como orgulhos de suas terras, as quais, afirmavam eles, serem melhores que as de Itu.
Realmente, essa localidade, situada à margem esquerda do Tietê e muito procurada para os embarques rumo à Cuiabá, encontrou no açúcar, desde logo, o catalizador de sua agricultura. Mesmo enquanto freguezia, já produzia açúcar. No ano de 1.776, contava 266 fogos, com 2.788 habitantes, sendo 807 escravos, aproximadamente 1/4 da população. A maioria desta era constituída de lavradores, todavia, muitas pessoas viviam de fazer canoas e outras se alugavam para as viagens a Cuiabá; contudo, também havia cultivadores de cana para produção de aguardente, como o alferes Antônio Soares da Costa que fabricava aguardente e tinha 32 escravos.
A escravatura continuava aumentando sempre, índice seguro do crescente progresso da lavoura açucareira, uma vez que eram os agricultores de canas aqueles que possuíam maior número de escravos. Em 1.792, a vila de Itu tinha 3.262 escravos, dos quais, 856 pertenciam a Porto Feliz.
O ano de 1.797 marca a elevação de Araritaguaba a vila. O governador Mello Castro e Mendonça atendendo à petição dos moradores, justifica-a, argumentando ter a povoação" toda a capacidade e disposição para vir a ser em poucos anos, uma das vilas opulentas desta Capitania". Em 1.798, dos 425 agricultores cadastrados, 101 dedicavam-se à cultura da cana, um têrço, portanto, dos lavradores. No ano em questão, a produção de açúcar foi de 26.740 arrôbas.
A população crescia sempre. Em 1.805 já havia 1.985 escravos e em 1.815 os cativos eram em número de 2.752 para um total de 8.361 habitantes. Produziam-se 32.144 arrôbas de açúcar. Essa produção não chegava a alcançar a de Itu, mas era apreciável no quadro agrícola da Capitania. Em 1.822, o fabrico havia aumentado grandemente para 98.632 arrôbas, das quais, 97.432 foram exportadas.
A localidade se integrava, com destaque no movimento exportador paulista.
(*) Algumas notas sobre a lavoura do Açúcar em São Paulo no período colonial. Suely Robles Reis de Queiroz - pág. 143/144
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