quarta-feira, 6 de abril de 2016

Porto Feliz: antiguidade do porto de Araritaguaba


Posto que date de 1.720 a ereção da Capela de Nossa Senhora da Penha, à margem esquerda do rio Tietê, no local denominado Araritaguaba, capela erguida pela piedade e devoção de Antonio Aranha Sardinha e Antonio Cardoso Pimentel, antes dessa data era já, o porto de Araritaguaba, conhecido e aproveitado pelos valorosos sertanistas paulistas em suas viagens pelo sertão brasileiro.
Em 1.628, ao fazer Dom Luiz de Céspedes Xeria, nomeado capitão-general do Paraguai, a sua viagem do Rio de Janeiro à Ciudad Real de Guairá (no Paraguai), foi daí, dessas barrancas de Araritaguaba que ele iniciou a sua viagem fluvial; e isto afirmamos tendo à vista o seu mapa ou roteiro, o local que nele coloca o seu ponto de partida no rio Tietê, considerando para tal afirmativa o ponto em que marca esse porto e os rios e ribeirões assinalados nas proximidades aquém e além desse local.
Mais de um mês ficou Dom Céspedes Xeria nesse porto, ao qual dera o nome de Nossa Senhora de Atocha, levando todo esse tempo em construir canoas e em outros preparativos necessários para a sua longa viagem...
O fato de ir Dom Luiz de Céspedes a procura desse porto para a sua viagem ao Paraguai, nos induz a crer que essa rota era já conhecida e que em São Paulo de Piratininga lhe fora indicada e isto nos leva a certeza que esse porto além de conhecido era, também, aproveitado pelas primeiras expedições dos paulistas que, por via fluvial, se internavam pelo sertão e das quais nos falam os antigos cronistas...
Pelo que acabamos de expor, vê-se que muito e muito antes do porto de Araritaguaba se tornar célebre pelas grandes expedições monçoeiras, que dali partiram para a conquista do Paraguai e das minas de Cuiabá, era já conhecido e aproveitado desde o começo da era seiscentista, e, talvez, mesmo antes pelos sertanistas paulistas. Também o porto de Pirapitingui, de que nos falam as antigas crônicas, outro não era senão o de Araritaguaba; e se assim não fosse, não iriam Aranha Sardinha e Cardoso Pimentel, havendo tanta terra nas proximidades dos povoados, pedir suas sesmarias em lugar tão deserto e desconhecido.
Conta-nos Moreira Pinto que Araritaguaba fora antiga aldeia de índios guayaná; pode ser, pois pouco acima, às margens do mesmo rio, nas proximidades do lugar onde hoje se ergue a cidade de Salto, existiu a aldeia de Paranaytu de índios dessa mesma nação.

Francisco Nardy

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