Porto Feliz: Origem e fundação
Segundo contam as crônicas, a capela de Nossa Senhora da
Penha de Araritaguaba, origem da atual cidade de Porto Feliz, foi fundada no
correr do ano de 1.721 por Antonio Cardoso Pimentel e Antonio Aranha Sardinha,
em terra da sesmaria deste ultimo. O que consta, porem, do Livro Tombo da
Igreja Matriz de Porto Feliz leva me a crer não haver Antonio Sardinha tornado
parte alguma nessa fundação.
"... ereção e instituição da Capela de Nossa Senhora da
Penha de Araritaguaba edificada e feita ao pé do rio Tietê, vizinho do sitio de
Antonio Cardoso Pimentel já falecido o qual a fez e se benzeu na era de 1.700
anos pelo que dizem os mesmos caseiros..."
Ai aparece como único fundador Antonio Cardoso Pimentel,
sendo a data de fundação 1.700 e não 1.721. Haja visto terem sido isso escrito
nesse Livro Tombo pelo segundo vigário de Araritaguaba, padre Francisco de
Campos, em junho de 1.747, de acordo com o que ouvira de pessoas que assistiram
a fundação dessa capela. Tanto no termo de doação do patrimônio, como em outros
documentos constantes desse Livro Tombo e referentes a essa fundação, não
aparece o nome de Antonio Sardinha.
O padre Francisco de Campos, ituano, antes de, em 5 de junho
de 1.717, haver tomado posse do cargo de vigário de Araritaguaba, já ali
residia, desde há muitos anos, em companhia de seu irmão padre Felipe de Campos
Bicudo, também ituano, e primeiro vigário de Araritaguaba, cuja posse se dera
em 9 de março de 1.728. Devia, pois, o padre Francisco de Campos estar muito
bem informado quanto a essa fundação, e, se não menciona o nome de Aranha
Sardinha, é porque este parte alguma teve nessa fundação.
Tendo Antonio Cardoso, instituidor e protetor dessa capela,
falecido em Itu no correr do ano de 1.721, foi em substituição nomeado seu
filho José Cardoso Pimentel para protetor. Quando este seguiu para Cuiabá, em
cujo caminho pereceu nas mãos dos índios paiaguás, foi nomeado em seu lugar
Cristovão Borges, casado com uma neta do fundador. Ora, se Aranha Sardinha
houvesse sido co fundador dessa capela, caberia a ele, por morte de Cardoso
Pimentel, o titulo de instituidor e protetor, o que não aconteceu.
Aranha Sardinha obteve a sua sesmaria de Araritaguaba por
carta de 5 de fevereiro de 1.728, cuja confirmação data de 18 de agosto de
1.732. Portanto, em 1.721 não possuía ainda a sesmaria em cujas terras foi
fundada a capela. Casou se ele em Itu, onde residiu e de onde creio era
natural, em 1.721, com Inês Dias de Alvarenga, filha de João Gomes de Escobar e
de Joana de Godói Bicudo. Ora, se até a data do casamento residia em Itu, somente
depois de 1.724 e que se transferiu para as terras da capela de Araritaguaba,
onde se abriu lavouras e alcançou a sesmaria.
Como se vê, Aranha Sardinha não foi co fundador da capela de
Nossa Senhora da Penha de Araritaguaba, como contam as crônicas, mas sim um dos
primeiros povoadores das terras dessa capela.
(*) F. Nardy Filho
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