A irmandade de São Benedito em Porto Feliz
Há registros á partir de 05/08/1898, documentos que provam que a
Irmandade é bem antiga. Segundo estes documentos, essa entidade tem no
mínimo, 195 anos de existência. No ano de 1818, no livro tombo pertencente à
paróquia Nossa Senhora Mãe dos Homens, aparecem algumas determinações a
respeito do sepultamento de membros pertencentes a Irmandade de São Benedito,
que na época deveria ser realizado dentro da igreja Matriz, no corredor
direito.
No ano de 1873, o Almanaque da Província do Estado de São Paulo,
aponta os nomes dos responsáveis pela irmandade em nossa cidade:
Juiz: José Correa de Toledo;
Secretário: José Cardoso;
Procurador: José de Lara Lopes;
Tesoureiro: Bernardino Rodrigues Vieira, e mais doze irmãos de mesa.
No ano de 1896, a Câmara regulamenta o sepultamento das pessoas no
cemitério da Irmandade de São Benedito (que ficava anexo ao cemitério velho, mais precisamente
onde hoje se encontra o velório municipal.
A festa de São Benedito
A festa de São Benedito é um dos maiores acontecimentos religiosos
culturais e sociais dentro do calendário da devoção popular brasileira.
Influenciada pelo folclore africano, a festa é acompanhada por grupos de
congadas e presidida por um Rei e uma Rainha, acompanhados de uma corte
composta de Juízes de Vara e Ramalhete, Capitão do Mastro, Tenente da Coroa e
Alferes da Bandeira.
Em Porto Feliz, a Festa de São Benedito manteve tais características até
por volta de 1940, e era celebrada dentro das tradicionais Festas de Agosto,
dias antes da Festa de Nossa Senhora Mãe dos Homens.
A partir de então, passou a ser celebrada no último domingo de janeiro,
com tríduo iniciado na quinta-feira anterior. Atualmente, a Missa Solene,
acontece depois da procissão, que deixou de acontecer as 17h, transferindo-se
para as 9h da manhã.
Reforma da igreja e “roubo” da imagem
Em 1980, a irmandade luta e trabalha pela restauração da igreja de São
Benedito, mobilizando toda população, que desejava perpetuar a tradição. Essa
restauração ocorreu mesmo contra a vontade do pároco da época o Cônego Humberto
Ghizzi, que queria construir uma nova igreja em outro local. Então, quando
começou procissão a imagem de São Benedito percorreu as ruas centrais, e na
volta da procissão, realizada em 1983, o padre Ghizzi achava que a imagem iria
voltar para a matriz, porém, o povo seguiu em procissão até a igreja de São
Benedito, devolvendo-a para a Igreja de São Benedito. História esta que já
ganhou os palcos do teatro, sendo contada com bom humor.
As Irmandades e o negro
Uma instituição importante do Brasil colonial foram as Irmandades ou
Confrarias Religiosas, que certamente desempenharam papel de relevo no tocante
à sorte dos escravos, índios, enfim, aos negros. O objetivo das Irmandades era
congregar pessoas de fé em vista de uma vivência mais coerente do Cristianismo;
na verdade, porém, as Confrarias exerceram o papel de consciência da igualdade
de todos os homens entre si: afirmando os direitos de todos aos benefícios
religiosos em pé de igualdade com os senhores, tornando-se assim, fator de
educação e formação das mentalidades. Os que se congregavam em Irmandades,
sentiam-se seres humanos iguais aos seus patrões, certos de que gozavam diante
de Deus das mesmas prerrogativas que estes tanto durante esta vida como após a
morte.
As Irmandades dos pretos se apresentavam, por vezes, tão bem organizadas
quanto as dos brancos. Chegaram a construir suas igrejas e capelas próprias,
para escapar à tutela dos brancos; “Como se vê, os Terceiros de São Francisco
se submeteram ao julgamento de uma Mesa constituída de pretos, apesar de que
sua confraria também abrigava pessoas de categoria elevada: comerciantes ricos
e altos dignitários” (lb. p. 34). Como notam os historiadores, as Irmandades
“se tornaram o único meio que permitia aos negros, como grupo organizado,
ombrear com os demais habitantes da colônia” (ib. p. 6).
* OFM Cap – abreviatura: Ordem dos Frades Menores Capuchinhos (Ordo
Fratrum minorum Cappucinorum em latim), família religiosa franciscana. Os
religiosos que pertencem a esta ordem colocam a abreviatura após o nome.
** Alguns autores indicam 1526 como o ano de seu nascimento, mas os
Frades do Convento de Santa Maria de Jesus consideram que a data certa é 1524
*** congada significa: Bailado popular dramático, em que os negros
representavam, entre cantos e danças, a coroação de um rei.
Pesquisa e Texto: Sonia Belon
Revisão e acréscimos:
Elias Martins/Pastoral da Comunicação
Felipe Miranda/Pastoral da Comunicação
Colaboração:Lourdes Kerche do Amaral
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