sexta-feira, 13 de maio de 2016



Porto Feliz e o ensino secundário



Os primeiros gritos de alerta para dotar Porto Feliz de ensino secundário foram dados já em 1945. No número de 1-7-1945, num artigo de Barros Junqueira, o autor reivindica para a cidade, além de água e esgoto, o ginásio oficial, o mesmo reclamando dr. Walter Castelucci, no número de 14-7-45, ambos em “A Comarca”, de Rogério Campos.
No número seguinte, de 21-7-45, o dr. Walter Castelucci demonstra que o Rotary Clube local estava com  a idéia da criação do estabelecimento.
Afinal, no exemplar de 27-10-46, é estampada a seguinte circular:
“Atividades do Rotary Clube local:
Fomos informados que o Rotary Clube desta cidade no afã de pôr em execução seus planos progressivos, acaba de confiar, a uma de suas sub-comissões, para o estudo da legislação do ensino, um projeto para a fundação de um ginásio nesta localidade. Servirão como professores do mesmo, assim que seja levada a termo essa nobre iniciativa, pessoas pertencentes aos nossos círculos sociais, as quais se prontificaram a prestar o seu valioso concurso independente de quaisquer honorários ou gratificações. O Rotary local tudo fará para que vejamos, no próximo ano de 1947, instalado em nossa cidade, e em funcionamento, o referido estabelecimento de ensino. Como se vê, São das mais elevadas e altruísticas, entre nós, as aspirações cultivadas pelo Rotary Clube que, nos primórdios de sua fundação nesta cidade, podendo ver o quanto Porto Feliz se ressente da falta de uma escola secundária, tudo fará para dotá-la desse melhoramento que irá aumentar as possibilidades de instrução para os nossos filhos, para o povo de Porto Feliz.
Apresentamos, assim, ao Rotary Clube local, os nossos parabéns pela iniciativa ora esboçada e concitamos os seus associados a prosseguirem, como aliás sempre o fizeram, pela escalada do progresso, do trabalho e da solidariedade”.
No entanto, apesar de tão entusiástico apelo, a idéia dormiu por vários meses e só em fevereiro de 1947 é que surgem novas notícias informando a organização da sociedade “Ginásio Monções S/A”, para a criação de um ginásio particular.
A idéia foi tomando corpo, tendo o Rotary Clube nomeado uma comissão elaboradora dos estatutos dessa “Sociedade”. Comissão essa integrada, entre outros, pelo Dr. Licio Marcondes do Amaral, MM. Juiz de Direito da Comarca e Dr. Paulo Coura, DD. Promotor Público. A comissão organizou um Livro de Ouro para assinaturas de Ações, por parte da população.
Tudo indicava que daria certo a idéia, tanto que o prefeito Lauro Maurino conseguiu a transferência da cessão do terreno que Monsenhor Seckler tinha feito à prefeitura, para nele instalar um Instituto para Menores, aos interessados na implantação do ginásio
E o Livro de Ouro foi crescendo em assinaturas, onde se registravam grandes somas. Entusiasmados com a colaboração popular, vários rotarianos se comprometiam a lecionar gratuitamente no Ginásio.
Verificava-se que o número de alunos que concluía o curso primário nos Grupos Escolares e no Externato São José beirava a casa dos noventa, número esse mais que suficiente para a criação do curso secundário em Porto Feliz.
Infelizmente, porém, demorava-se em se conseguir verba necessária para a criação do tão sonhado Ginásio.
Dando mais um passo para a criação da escola, era lançada, porém, com grande festa, a pedra fundamental do prédio, pelo então governador Adhemar de Barros, no terreno cedido por Monsenhor Seckler, solenidade realizada a 6-7-47.
Quando foi instalada a Assembléia Legislativa Estadual, a Comissão de rotarianos para lá se dirigiu, entrando em entendimentos com deputados de várias bancadas, levando farta documentação sobre o movimento para a criação do ginásio. A cidade poderia conseguir com isso um ginásio estadual.
Em seu artigo estampado em “A Comarca”, de Porto Feliz, o jornalista e rotariano, José Elias Habice, relata que outro ilustre rotariano, o deputado José Rameiro Pereira, “tomou a si o encargo de organizar, apresentar e defender o projeto da criação de um Ginásio estadual em Porto Feliz”.
Eis a íntegra do projeto de lei apresentado à Assembléia, criando inúmeros ginásio, entre os quais, o daqui:
“Projeto de Lei nº 158, de 1947. Cria um Ginásio Estadual em Porto Feliz. A Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo decreta:
Art. 1º: Fica criado, no município de Porto Feliz, um Ginásio Estadual, que terá funcionamento a partir de 1948.
Art. 2º: O Governo do Estado fica autorizado a abrir, no orçamento financeiro de 1948, os créditos necessários à criação, instalação e manutenção do Ginásio criado no artigo anterior.
Art. 3º: Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
Sala das sessões, em 9 de setembro de 1947.
aa.) José Romeiro Pereira, Arnaldo Borghi, Cunha Lima, Juvenal Sayon, etc”.
Mas enquanto outras cidades eram contempladas com a criação de ginásios, Porto Feliz ia ficando no esquecimento.
Afinal, juntamente com mais duas dezenas de cidades, a cidade teve seu sonho realizado, com a promulgação da lei de criação, conforme aquele projeto transcrito acima, lei que recebeu o número 75, no dia 23-2-48, publicada a 24 do mesmo mês e ano.
Em 9 de fevereiro de 1949, ainda no governo de Adhemar de Barros, pelo Decreto nº 18.488 A, publicado dia 12 do mesmo mês, e Decreto nº 19.259, de 15 de março daquele ano, foram, afinal, lotados os cargos docentes e administrativos. Contribuíram para essa conquista, o então prefeito Lauro Maurino e Deputado Martinho Di Ciero. Foi isso, a 30 de março de 1950, com a instalação solene da escola.
Os primeiros professores nomeados, bem como os funcionários administrativos, têm os seus nomes registrados na cópia da ata da instalação, procedida pelo professor Salathiel Vaz de Toledo, vindo do Colégio Estadual e Escola Normal “Regente Feijó”, de Itu.

Obs- desconheço a autoria...se alguém souber...ropresso@hotmail.com

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