sexta-feira, 29 de abril de 2016

Porto Feliz Escravidão

Quilombo em Porto-Feliz


O município de Porto-feliz reclama para seos habitantes medidas propostas
ide segurança e tranqüilidade. De certo tempo a esta parte diversos
quilombos se hão formando dentre desse termo. (...). Com sobeja rasão os
ânimos vivem ali preocupados, sob a influência de verdadeiro pânico, pois
que para que o estado actual de nossa sociedade não há maior perigo do que
a existência de semelhantes covis. A ultima recente sessão do Jury nessa
localidade forneceo uma grande amostra das tristes peripécias, desastres e
crimes, que como inevitável e fatal conseqüência resultão de refúgios taes!
(..). Os signaes e vestígios encontrados mostram que houve ali por longo
tempo grande aglomeração de negros fugidos de Capivary, Piracicaba e
outros pontos. Vivião tão senhores de seo esconderijo, que nada lhes faltava:
tinhão armas para a defesa, animais, cultivados, etc. Entregues a sua
ferocidade, e aos seos funestos instintos, elles assinalaram o logar do rancho
com varias sepulturas, que afinal foram descobertas, sabendo a justiça quaes
as victimas atrozmente assassinadas. Na funesta emboscada; ai de quem se
aproximasse e apparecesse, porque a horda bárbara precipitava-se, e mais
um cadáver fasia. Foi preciso que alguns senhores, que com certeza que ali
encontravam escravos seos, formassem comitivas e ao logar se dirigissem.
(...). Como este quilombo, acredita-se na existência de outros, eis porque, se
na cidade os moradores não dissimulão o receio de qualquer ataque, com
muito mais rasão vivem aterrados aquelles que com suas famílias morão no
sitio.22
O jornalista não menciona o número de escravos existentes no quilombo de Porto-feliz.
Infelizmente, a documentação produzida pela sessão do júri que o jornal aponta, não foi
encontrada.

22 “Quilombo em Porto-feliz”. In: O Ytuano, Ano I, N.15, 30/03/1873. p.1

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